Análise de endocrinologista anapolino aponta que essa produção sintética, inédita no mundo, deve reduzir custos e ampliar acesso ao medicamento
A indústria farmacêutica brasileira alcançou um marco inédito com a produção sintética da liraglutida, medicamento utilizado no tratamento da obesidade. Desenvolvida pelo laboratório EMS, a inovação promete reduzir custos e ampliar o acesso da população a essa terapia, que já demonstrou benefícios não apenas na perda de peso, mas também na saúde metabólica e cardiovascular.
O endocrinologista de Anápolis, Dr. Jorge Cecílio Daher Júnior, ressalta que a novidade abre um horizonte de possibilidades para pacientes e para o sistema público de saúde. A produção nacional representa uma quebra de paradigma no mercado internacional, antes dominado pela dinamarquesa Novo Nordisk.
Revolução
Segundo Dr. Jorge Daher, os análogos do GLP-1 — classe da qual a liraglutida faz parte — já mudaram a forma de tratar a obesidade. “Essas moléculas reduzem o apetite, regulam insulina e glucagon e ainda trazem benefícios no coração, nos rins e na glicemia”, explica. Ele destaca que os efeitos vão muito além do emagrecimento: “Podemos dizer que em breve a obesidade deixará de reduzir a expectativa de vida das pessoas”.
Descoberta há mais de uma década pela Novo Nordisk, a liraglutida era produzida exclusivamente por meio de biotecnologia em leveduras. Agora, a EMS conseguiu realizar sua síntese química, feito considerado inédito no mundo.
Inovação brasileira
Para Dr. Jorge Daher, o avanço da EMS representa uma conquista tecnológica e estratégica. “Não é algo simples. Foram necessários investimentos de centenas de milhões de dólares até atingir estabilidade e segurança no produto final”, afirma. O endocrinologista sublinha que essa inovação é “genuinamente brasileira”, colocando o país em posição de destaque no cenário global da farmacotecnologia.
A expectativa é que a produção sintética permita redução significativa de custos, tanto para pacientes particulares quanto para programas públicos. “Isso significa maior acessibilidade, especialmente para famílias que não têm condições de custear o tratamento”, reforça.
Saúde pública
O novo processo deve beneficiar diretamente políticas públicas, como o Protocolo Estadual de Diretrizes Terapêuticas para tratamento da obesidade em crianças e adolescentes em Goiás. “Com custos mais baixos, órgãos públicos poderão ampliar a oferta e atender mais pessoas”, observa Dr. Jorge Daher.
A introdução da liraglutida sintética no mercado brasileiro foi celebrada com o lançamento dos medicamentos Olire e Linux, da EMS. “A comemoração não foi pela molécula em si, que já existia, mas pelo êxito em alcançar uma síntese química inédita no mundo”, esclarece o especialista.
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