Operação Sintonia Goiás: desafio no combate ao crime organizado é descapitalizar facções
Nesta quinta-feira, 11, o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) deflagrou a Operação Sintonia Goiás, que investiga a maior facção criminosa da América Latina.
Até o final da tarde de quarta-feira (10/5), 56 dos 70 mandados de prisão preventiva expedidos no âmbito da Operação Sintonia Goiás já haviam sido cumpridos. Destes, 34 foram contra integrantes de facção criminosa que já estão presos em unidades prisionais do Estado.
Também foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão. Durante a operação, houve ainda 3 prisões em flagrante, com a apreensão de drogas e armas, aparelhos celulares e documentos com anotações de ilícitos.
A operação realizada pelo Ministério Público (MPGO), por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), é parte de uma grande atuação articulada em outros 12 estados pelo Grupo Nacional de Combate ao Crime Organizado (GNCOC) – grupo do MP Brasileiro.
Em entrevista coletiva realizada na sede do MP, foi esclarecido que, em Goiás, foram cumpridos mais mandados, em razão do trabalho conjunto entre vários integrantes das forças de segurança.
O coordenador do Gaeco, Rodney da Silva, afirmou que ainda há muitos fatos sendo investigados dentro da operação, já que eles dizem respeito às ações da maior facção criminosa da América Latina, presente em todos os Estados brasileiros e em, pelo menos, outros 20 países.
Ele acrescentou que as investigações não estão sendo limitadas somente à maior facção, mas também a outras que têm atuação em Goiás. Para Rodney da Silva, apenas cercear a liberdade dos membros desses grupos não é suficiente para coibir as ações.
“Não podemos continuar num trabalho de enxugar gelo. É preciso, sim, descapitalizar as organizações criminosas”, avaliou.
Cidades
Segundo Rodney da Silva, em Goiás, foram identificados membros da facção em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Guapó, Catalão, Três Ranchos, Itumbiara, Panamá, Morrinhos, Caldas Novas, Jataí, Mineiros, Planaltina de Goiás, Formosa, Novo Gama, Uruaçu, Mara Rosa, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Quirinópolis, Edeia e Jaraguá.
O gerente de Segurança da Polícia Penal, Leandro Militão, acredita que esta capilarização das ações dos faccionados ocorra por conta da logística e posição geográfica de Goiás. Para ele, o sucesso das práticas criminosas dentro dos presídios se deve também à ação de familiares, visitantes e advogados, que acabam levando e trazendo informações aos presos.
De acordo com o promotor de Justiça Paulo Parizotto, que coordenou a Operação Sintonia Goiás, as investigações mostraram que o objetivo da facção criminosa é a sua expansão e difusão no Estado, tanto que foram encontradas planilhas com o cadastro de centenas de membros cooptados, principalmente dentro do sistema prisional.
Os integrantes do esquema estão envolvidos em diferentes tipos de crimes, como homicídios, confrontos policiais, tráfico de drogas e também organização criminosa. Segundo Parizotto, a facção criminosa possui, inclusive, um estatuto que disciplina e estabelece direitos e obrigações dos “batizados”.