Uma declaração do delegado Manoel Vanderic Filho, repercutiu, intensamente, na Cidade dias atrás.
Ele afirmou que era difícil abordar alguém que não estivesse bêbado, durante as blitz realizadas, especialmente, nos fins de semana. Tal fala, na verdade, retrata o óbvio, pois, nestes períodos, os bares e estabelecimentos similares estão repletos de clientes.
Por certo, o comerciante não é proibido de vender bebida alcoólica. Tão certo, também é, que ninguém é proibido de beber o quanto desejar. O errado é dirigir sob o efeito do álcool.
A orientação de que os grupos, quando se reunissem para beber, deveriam contar com alguém sóbrio para conduzir o veículo, é uma argumentação furada. Pouca gente se submeteria a ficar até altas horas da madrugada à espera de amigos bebuns para levá-los para casa.
Em uma da últimas incursões, o delegado disse que deparou com episódios grotescos, carregados deboche e irresponsabilidades. Na ocasião, foram presos bêbados com idades variáveis de 19 a 75 anos.
Ele destaca o caso de um embriagado flagrado na BR-060, perímetro urbano de Anápolis. Este homem, com uma lata de cerveja na mão, mal conseguia parar em pé. Empresário, ele se insurgiu contra o policiamento ao alegar que tinha influência política e que iria promover a transferência dos agentes para outras cidades. Acabou preso, sem direito a fiança, por resistência à prisão e desacato.
Na mesma noite, um jovem, ao volante de um carro BMW enfrentou os policiais e disse que poderia ser levado preso porque seu pai era rico e pagaria a fiança. Pagou mesmo: R$ 10.400 com a agravante de que era reincidente.
Também mereceu destaque o episódio que envolveu um jovem de 19 anos que, após ser preso dirigindo bêbado, acionou o pai para pagar a fiança na delegacia. O pai chegou nervoso, questionando o trabalho policial ao dizer que a polícia “deveria era prender bandido”.
Este é o retrato do trânsito nas madrugadas em, praticamente, todas as cidades brasileiras. O trabalho hercúleo de Manoel Vanderic e sua equipe, por mais insistente que seja, vai ser inglório, enquanto não se mudarem as leis e enquanto a sociedade não se conscientizar de que álcool e direção constituem uma mistura fatal.