Sim, tenho medo de polícia. Confessei isto em uma reunião recente do Rotary Anápolis Oeste, no momento em que recebia, com muita honra, o Comandante e Assessor do BPE – Batalhão de Polícia Especializada para a região de Anápolis e cidades circunvizinhas, que, por sinal, como muita fineza e elegância, fez uma excelente palestra elucidativa dos “modus operandis”e os recursos disponíveis do BPE. Foi quando, de maneira inusitada, não fiz nenhum questionamento mas confessei meus medos e dei explicações: sou da geração baby boomers, filho de um país e pai que buscavam se reerguer moral, econômica e emocionalmente após a Segunda Guerra Mundial. Verdade, a guerra deixou traumas, principalmente em nossos pais. Com certeza, por isso, fomos criados em lares simples, porém muito disciplinados, onde a autoridade era lei e a obediência, um mandamento inquestionável.
É preciso entender que, naquele tempo, nossos pais, muitos deles marcados pela rigidez da vida dura do interior, pelo trabalho árduo e por uma educação de broncas e palmatórias, acreditavam que o medo era ferramenta legítima para moldar caráter. Não raro, escutávamos frases como: “Se não se comportar, chamo a polícia!” Ou ainda: “A polícia leva menino levado!” Para uma criança, aquilo não era disciplinar; era ameaçar. E as palavras, repetidas com frequência, foram plantando em nós, e em mim especialmente, a imagem de uma polícia que não protegia, mas punia; não amparava, mas assustava. Resultado: trauma de infância ainda não superado. Sim, da mesma formam também, tenho medo de armas, quaisquer que sejam. Nunca tive nem quis ter. Nunca, também, dei um tiro de qualquer arma de fogo.Nem sei como.
Porém, apesar de já passados muitas décadas, o resquício emocional ainda se manifesta, mesmo que silenciosamente. Por isto, quando, ainda que de carro, ouço o chamado “ui..ui..ui..ui. ui..” trato logo de limpar o caminho e, quando passam, fico aliviado. É o trauma infantil transformado em reflexo condicionado. Todavia, quantos de nós, principalmente os nascidos pós segunda guerra mundial, (baby boomers) não carregamos isso? Quantos, mesmo reconhecendo a importância das forças de segurança, ainda sentem aquele frio na barriga ao ver uma viatura se aproximar? Não por culpa da polícia, mas pela herança cultural de uma educação baseada no temor. Cruzes!
Contudo, reconheço que, nos tempos atuais, tenho a obrigação de fazer outra leitura: A polícia de meus pais que um dia foi usada como forma de intimidação é, na verdade, o pilar essencial para a preservação da ordem, da vida e da paz social. São homens e mulheres que enfrentam a violência em seu grau mais bruto, que colocam o próprio corpo como escudo entre o cidadão e o crime, que acordam diariamente sem saber se voltarão para casa. Sim, em um país como o nosso, onde a criminalidade desafia o Estado, é impossível imaginar a sociedade funcionando sem a presença firme das forças de segurança. Por isto, parabenizo nossas corporações policiais do estado de Goiás, que fazem com que somos o estado com menor criminalidade por habitante e um exemplo para o Brasil.
Fica aqui, minha convicção, que é preciso romper o ciclo do medo e saber que o medo de polícia não combina com cidadania madura, nem com democracia sólida. Proponho, por isto mesmo, reconstruir essa relação, compreendendo que a polícia existe para nós e não contra nós. Ela é extensão do Estado, e nós, cidadãos, somos parte indissociável desse pacto social. Devemos, portanto, abandonar velhas narrativas, superar traumas herdados e aprender a cooperar, respeitar e valorizar a instituição policial com firmeza e reconhecer que a imensa maioria dos policiais honra a farda com dignidade. No fim, fica uma certeza: o Brasil só será verdadeiramente seguro quando deixarmos para trás medos infantis e passarmos a caminhar de mãos dadas com aqueles que dedicam a vida à nossa proteção. Porque segurança não se constrói com temor, mas com confiança, parceria e responsabilidade compartilhada. PARABÉNS, A TODAS CORPORAÇÕES POLICIAIS DO ESTADO DE GOIÁS!
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