Parar o veículo no sinaleiro durante a noite tornou-se um dilema para a maioria que fica indecisa sobre que atitude tomar
Uma espécie de neurose coletiva tem tomado conta de grande parte dos condutores de veículos no Brasil, principalmente nas cidades de médio e grande portes, como capitais e regiões metropolitanas: o medo de parar nos semáforos, principalmente em horários atípicos, como noites e madrugadas. Os casos têm se avolumado e multiplicado, descontroladamente, a ponto de causar pânico e dúvidas entre os motoristas: se não para com o sinal vermelho, corre o risco de ser multado, ou de provocar um acidente. Se parar, corre o risco de ser assaltado, ou, sofrer outro tipo de violência.
Processo visto com certa naturalidade em cidades como Rio, São Paulo e Belo Horizonte, esse fenômeno social migrou para comunidades interioranas. É a realidade silenciosa de muitos motoristas. O trânsito, que deveria ser, apenas, um desafio de mobilidade se transforma, também, em um espaço de insegurança. Esta é uma realidade refletida nos dados levantados pela pesquisa nacional do Instituto Datafolha 2025, realizada de 1º a 3 de abril de 2025, com 3.054 entrevistados em todo o Brasil, distribuídos em 172 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou menos, dentro do nível de confiança de 95%.
Os números
Pela pesquisa, quatro em cada dez brasileiros, têm muito medo de serem assaltados quando param com o carro no semáforo. E, 30% declaram ter um pouco de medo. Outros 28% não têm medo e, 4% não costumam estar nessa situação. O índice de muito medo se destaca entre as mulheres (46%, ante 31% entre os homens). Entre os que têm 60 anos ou mais, o percentual é de 49%, ante 24% entre os que têm 16 a 24 anos. No universo dos que têm menor escolaridade o percentual é de 48%; entre os que têm renda familiar de, até dois salários mínimos, chega a 45%. A situação é verificada em 29% entre os que têm renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos.
Discriminação
O estudo, também, revela que ser vítima de sequestro é sempre um motivo de preocupação de 23% dos brasileiros: para 3%, é frequente, para 13%, às vezes, para 16%, raramente, 44% nunca têm essa preocupação, e 1% não quiseram opinar. Se destacam entre os que sempre possuem a preocupação de ser vítima de sequestro: as mulheres (29%, ante 16% entre os homens), os mais velhos (30%), os menos escolarizados (30%), e entre quem tem renda familiar de até 2 salários mínimos (28%, ante 13% entre os que têm renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos).
O levantamento mostrou, também que 58% dos brasileiros, com 16 anos ou mais, avaliam que a criminalidade em suas cidades aumentou nos últimos doze meses. Já, 25% consideram que ela não mudou, 15% entendem que diminuiu, e 2% não opinaram. A percepção de que a criminalidade em sua cidade aumentou é maior entre as mulheres do que os homens (62%, ante 52%), entre os moradores da região Sudeste (64%), entre os que moram no Estado de São Paulo (64%), entre os que residem em regiões metropolitanas (66%, ante 51% entre os que moram em cidade do interior). Finalmente, 41% avaliam que a violência aumentou nos últimos doze meses e, para 38%, não houve mudanças. Já, para 19%, diminuiu e 2% não opinaram. A percepção do aumento da criminalidade no bairro de moradia é maior entre os moradores da região Sudeste (46%), entre os moradores do Estado de São Paulo (46%), entre os que residem nas regiões metropolitanas (52%).
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