O Juizado da Infância e Juventude e o Ministério Público, através da 13ª Promotoria de Anápolis, estão buscando a elaboração de um protocolo para atendimento a casos de automutilação em crianças e adolescentes. Vários casos têm sido registrados no Juizado da Infância e a intenção é formar uma espécie de rede para atuar tanto na prevenção quantono atendimento em si desses casos.
A Promotora de Justiça Carla Brant Corrêa Sebba Roriz e o Juiz da Infância e Juventude, Carlos Limongi Sterse, se reuniram para discutir as medidas iniciais para a implantação de um protocolo específico para tratar sobre a automutilização. A intenção, segundo eles, é realizar um fórum de debates, onde todos os atores envolvidos direta ou indiretamente com o problema possam debater a ajudar a construir este protocolo. De acordo com a Promotora, são casos muito complexos, pois envolvem várias nuances como, por exemplo: vulnerabilidade familiar; questões de abuso sexual e problemas mentais. E, cada caso exige, observa, exige uma estratégia de atendimento diferenciada. Daí, a necessidade de se buscar um trabalho integrado.
O Juiz Carlos Limongi Sterse confirma que muitos casos de automulização têm, de fato, chegado até o Juizado da Infância e Juventude, causando preocupação em relação ao atendimento que deve ser dado às crianças e adolescentes. Ele lembrou que já existe uma rede estruturada de atendimento em relação à violência sexual e maus tratos e o objetivo, agora, é criar um protocolo específico para a automutilização.
O QUE É?
De acordo com especialistas, a automutilação é definida como um comportamento intencional de agressão direta ao próprio corpo por qualquer meio sem intenção real de suicídio. Ou seja, é o ato de intencionalmente machucar a si próprio fisicamente. Por mais que esse comportamento seja conhecido, ele ainda não é realmente compreendido por muitas pessoas que acreditam que trata-se de um comportamento assumido pela criança e pelo adolescente, apenas, para chamar atenção.
Existem, pelo menos, dois perfis de automutilador: o primeiro é a pessoa emocionalmente abalada, que passou por algum trauma, que sofre muita pressão ou passou por alguma grande rejeição na vida. Essas pessoas costumam ter dificuldade de se expressar verbalmente e de se relacionar com as pessoas, além de possuírem baixa autoestima. A automutilação nesses casos vem como um alívio emocional momentâneo. Outro perfil de automutilador é a pessoa que sente prazer através da dor. Aí não envolve alívio emocional e também não envolve carência de atenção. A atitude passa a ser apenas por prazer.