Diferentemente do que se verificava até a década de 90, quando o casamento era uma etapa importante para marcar a transição para a vida adulta, hoje, muitos jovens preferem investir em suas carreiras ou em experiências pessoais, como viagens, lazer, esportes e variadas extravagâncias.
Por Vander Lúcio Barbosa
Atualmente, cerca de um em cada quatro jovens nessa faixa etária continua a viver sob o mesmo teto que seus pais, um aumento em relação a 12 anos atrás, quando a proporção era de um a cada cinco.
O fenômeno da “geração canguru” atinge 60,2% dos homens, predominando na região Sudeste, onde o custo de vida é alto. Jovens preferem permanecer no ambiente familiar pelo conforto e segurança, muitas vezes justificando a decisão com objetivos estudantis ou preparatórios para o futuro, o que, na maioria dos casos, é considerado um comportamento compreensível e justificável.
Por outro lado, há quem confunda o acolhimento paterno com exploração, transformando o lar em “hotel de luxo”. Sem contribuir financeiramente, muitos jovens sobrecarregam os pais tanto emocional quanto economicamente, justificando a permanência como etapa de preparação para a vida adulta. Esse comportamento pode gerar um desequilíbrio no convívio familiar, além de criar dependência prolongada e desgastante.
Esse fenômeno social é mais frequente do que parece e, em muitos casos, ultrapassa os limites da tolerância. Jovens, além de viverem às custas das famílias, levam parceiros para coabitar sob o mesmo teto. Sem contribuir, eles usufruem de recursos da casa, como carros, alimentos, sobrecarregando financeiramente os pais.
O comportamento não é restrito a famílias de boa situação econômica. Nas periferias e entre as classes de menor poder aquisitivo, o problema também é evidente. O aumento desse tipo de dependência tem levado a conflitos crescentes nas relações familiares. Desentendimentos tornam-se frequentes, levando ao desgaste das relações, e os noticiários expressam os impactos dessa convivência difícil e imprevisível.
Embora existam exceções, o panorama geral sugere que a harmonia nesses ambientes é cada vez mais rara. Não há ainda estudos sociológicos conclusivos sobre o impacto dessa dependência parental acentuada para o futuro dessas gerações. Resta apenas esperar para entender se essa convivência prolongada será vista como positiva ou negativa sob uma análise histórica e social futura.