A frase “nunca desperdice uma boa crise” é atribuída a Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino Unido. O economista Ricardo Amorim gostava de usá-la para demonstrar que a crise nada mais é do que uma “oportunidade de consertar algo que precisa ser consertado.”
A vida é cheia de solavancos, de altos e baixos e também repleta de situações inusitadas. Não há como viver sem sobressaltos. As surpresas virão, algumas positivas, outras negativas. Todos nós, invariavelmente, precisaremos enfrentar tais circunstâncias. Diante disso, nunca desperdice uma boa crise, pois ela sempre pode nos ensinar.
Quando uma crise surgir, tente olhar por detrás das linhas picotadas e das rasuras: o que posso aprender neste momento? Algumas das boas descobertas de grandes homens ocorreram em meio às perdas. A humanidade sempre avançou diante dos desafios históricos que enfrentou. Tempos de bonança nem sempre geram grandes insights, afinal, “carro apertado é que canta.”
Já é bem conhecida a frase de C. S. Lewis: “Não desperdice suas lágrimas.” Em outras palavras, não chore por chorar. Curiosamente, quando Jesus lidou com sua grande provação: antes de ser levado à crucificação, tomou o pão e o vinho e agradeceu. Como é possível agradecer a Deus diante daquilo que representa seu sofrimento? O ponto central é que, para Jesus, o sofrimento não era mero sofrimento. Ele tinha um propósito, um sentido. As coisas não acontecem por acaso, elas possuem significados. Há fatos que só vemos em meio às tempestades, com os olhos marejados de lágrimas. Os dias de calmaria não são capazes de aprofundar nossa compreensão de nós mesmos e do mundo. A dor nos torna humanos.
Provavelmente, a crise do coronavírus tenha sido uma das mais desafiadoras dos últimos anos. O mundo foi colocado de cabeça para baixo, literalmente. A forma de fazer as coisas teve que ser reinventada.
Crises têm o efeito natural de sacudir a complacência de pessoas e organizações, desafiando a sabedoria convencional, dando aos líderes espaço para mudanças transformadoras em suas áreas de atuação. Muitos souberam aproveitar estes momentos para aprender grandes lições e recriar com muita imaginação. Ao invés de ficarem chorando pelas perdas, aproveitaram o caos e cresceram em meio a ele. Não desperdiçaram a crise. Pelo contrário, tiraram proveito dela.
Crise é a junção de duas palavras em chinês: oportunidade e risco. O termo nos ajuda a repensar o modelo das nossas organizações para realinhá-las à nova realidade. Nos momentos de crise também realinhamos prioridades pessoais, consideramos valores realmente significativos e os redirecionamos para uma nova etapa, um novo momento de nossas vidas.
A crise pode surgir de uma falência, de um relacionamento quebrado, de doença ou luto na família. Ao invés de nos vitimizarmos e sermos consumidos pela raiva e tristeza, precisamos lutar contra a depressão, a angústia e o medo. Também vale muito perguntar: como esta crise pode me tornar mais humano e me ajudar a realmente reter o que interessa. Não desperdice, portanto, uma crise.
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