Equívocos deram origem ao mito que tirou 20 anos da história do Município
Anápolis completa 133 anos no próximo dia 15 de dezembro. Estranho, não? A revelação é do historiador Jairo Alves Leite que, em entrevista especial ao CONTEXTO, narrou a série de equívocos que acabou criando o costume de se comemorar o Aniversário da Cidade no dia 31 de julho e, ainda por cima, eliminou 20 anos da história da emancipação política do Município.
Jairo começa explicando que os aniversários de todos os municípios do Brasil são celebrados com base na data de sua emancipação que, no caso em questão, ocorreu em 15 de dezembro de 1887. “Foi nesse dia que passou a existir o município de Vila de Santana das Antas, desmembrada do município de Pirenópolis, de onde a futura Anápolis era, apenas, um distrito”, explica.
Anápolis seria o único caso do País onde se celebra a data baseado na troca de nome da cidade, que aconteceu em 31 de julho de 1907. O historiador conta que essa foi, apenas, uma formalidade, votada e aprovada pelo já existente poder legislativo local.
Assim como jogadores de futebol fazem o famoso “gato”, para obterem vantagens escondendo que são mais velhos, o município de Anápolis parece mais jovem, por causa desse engano. Comemora-se 113 anos quando, na verdade, temos uma cidade 20 anos mais velha. Segundo Jairo, essas duas décadas foram de extrema importância e não poderiam, simplesmente, desaparecer porque o nome Vila Santana das Antas foi substituído por Anápolis.
Para se ter uma ideia, após a emancipação, passaram vários prefeitos pelo executivo municipal, lembrados, até hoje, por seus feitos e por nomes de ruas e prédios históricos. Zeca Batista foi o primeiro deles e hoje dá nome ao museu da cidade. Na época, o cargo era chamado de intendente. Ainda com o nome de Vila das Antas, ocuparam essa cadeira outros nove vultos, como Lopo de Souza Ramos, Antônio Pereira Dutra, Manuel Francisco d’Abadia, Antônio Crispim de Souza, Antônio de Sousa Ramos e Américo Borges de Carvalho. “
Com a mudança de nome, o aniversário da Cidade passou a ser comemorado no dia da mudança do nome, 31 de julho, restando à verdadeira data, uma homenagem através da Rua 15 de Dezembro, no centro. Mas, a idade de Anápolis era contada da forma certa. Até que em 1956, uma comissão foi designada pelo Executivo para celebrar mais um ano de vida. Seria o 70º de emancipação. Mas, partiu dessa comissão uma ideia publicitária para se comemorar o Jubileu de Ouro de Anápolis. Na época, questionou-se o fato de um jubileu ser um título dado pelo tempo.
Corretíssimo a propositura do historiador Jairo Alves Leite. O atual legislativo e executivo municipal, poderiam demonstrar apreço pela verdade e corrigir essa distorção. Seria de bom tom valorizar os eventos históricos de fato como eles são.