A multiplicação de pessoas das mais variadas idades de ambos os sexos, de diferentes graus de qualificação e diversas origens, isoladas ou, em grupos, na prestação de pequenos serviços na informalidade, é o retrato fiel da economia brasileira no atual contexto. Estas pessoas se acham espalhadas por todos os municípios (pequenos, médios e/ou grandes) em busca de “qualquer coisa” que lhes acrescente uma renda, mesmo que temporária, mesmo que inferior à que estavam habituados a perceber. Estamos no pico, no auge da crise, agravada pela pandemia da covid-19. O desespero bateu à porta de muitos brasileiros que já vinham em situação de penúria, mas que, contavam com o Auxílio Emergencial, extinto em outubro. Assim, restou, a milhões de nacionais, a busca do que fosse possível, com o objetivo de colocar o arroz na panela. O surgimento do Auxílio Brasil não contempla a todos os que deixaram o Auxílio Emergencial. Mas, eles têm que comer. O correto, então, seria que tivessem emprego, de preferência, emprego formal. Mas, não é esta a realidade vivida no País.
Então, é, justamente este o fator determinante para que as ruas estejam cheias de vendedores ambulantes, de gente em busca de alguma renda informal, de diaristas; guardadores de automóveis; vendedores de roupas; perfumes; bolos, bombons e outros atrativos que posam render alguns trocados. O mercado formal de trabalho está exaurido, e, embora sinalize alguma recuperação, é sabido que isto demanda tempo. A taxa média de desemprego no País, de 13,7%, parou de subir no trimestre encerrado em julho, mas segue em nível elevado, com crescimento da informalidade e queda na renda.
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Calculado em 14 milhões, o número de desempregados caiu no último trimestre avaliado (menos 676 mil), mas, cresceu em 12 meses (mais 955 mil). Boa parte dos empregos criados desde abril é sem carteira assinada, ou, por conta própria. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada na semana passada pelo IBGE. Por ela, o número de ocupados cresceu 3,6% no trimestre, o equivalente a pouco mais de três milhões de pessoas acrescentadas ao mercado. O emprego sem carteira no setor privado, entretanto, aumentou mais do que o com carteira: 6% e 3,5%, respectivamente. E, o trabalho por conta própria subiu 4,7%, principalmente entre os que não tinham CNPJ. Estes somam cinco e meio por cento. Em números redondos, o volume de trabalhadores nesse caso é recorde: 25,172 milhões. E o de pessoas sem CNPJ é o menor da série histórica.
Os números são oficiais e, portanto, preocupantes. Não, apenas, pela informalidade em si. Mas, quem ganha a vida dessa maneira, fica meio que alijado da proposta oficial. Trabalhador informal, a não ser que contribua como autônomo para a Previdência Social, não usufrui de benefícios como Décimo Terceiro Salário; Férias, Auxílio Doença, Auxílio Maternidade e outros que, em caso de necessidade são importantes apoios. Isto, sem se falar na contagem de tempo para a aposentadoria no futuro. Em resumo, pelos números, a situação parou de piorar. Agora, precisa melhorar.