Por Edergenio Negreiros Vieira
Na entrevista coletiva concedida no Ministério da Saúde, no dia em que esteve com a cabeça a prêmio (06 de abril), o Ministro da Saúde do Brasil, o médico Luiz Henrique Mandetta disse que no dia anterior se dedicara à leitura. Entretanto para quem esperava que o Ministro dissesse que lera algum tratado epidemiológico; ou mesmo algum romance que remetesse a uma situação de pandemia; como A Peste, do franco argelino Albert Camus por exemplo; se surpreendeu ao médico citar um clássico da filosofia: O Mito da Caverna, do filósofo grego, do período clássico Platão. Racionalista, realista, idealista e dualista Platão discípulo de Sócrates, e mentor de Aristóteles inaugurou um novo gênero filosófico, os diálogos escritos.
Platão queria chegar ao verdadeiro conhecimento, à chamada essência das coisas. Essa perspectiva pode ser encontrada no Crátilo, assim como no Banquete duas obras clássicas do autor. Ele definiu o homem como um “animal bípede implume”, porém, teve que mudar essa definição porque Díogenes havia arrancado as penas de uma galinha.
Platão delineou por meio de suas obras, as bases da sociedade moderna ocidental, seja na política ou mesmo na religião, duas dimensões essenciais aos seres humanos. A sua Magnum Opus é sem dúvida A República. É nessa obra que se encontra O Mito da Caverna; que consiste numa metáfora de intento filósofo-pedagógico. O opúsculo tenciona deslindar como o ser humano pode se libertar da condição de escuridão, que o aferra, por meio da luz da verdade, no texto o filósofo discute sobre epistemologia, linguagem, educação e sobre um estado hipotético.
Havia uma caverna, e dentro dela homens acorrentados pelos pés e pelo pescoço. Eles só poderiam olhar para frente. Atrás deles havia um muro, e além do muro um fogo aceso. Os homens que mantinham o fogo, movimentavam figuras sobre o muro, que se projetava na parede da caverna. Os prisioneiros pensavam que as sombras que viam refletidas era a realidade, porque era a única coisa que podiam ver. Até que um dos homens consegue se libertar das correntes, e saí para o lado externo da caverna. O Sol o deixa cego, mas pouco a pouco ele se habitua com a luz e descobre que a realidade é aquela do exterior, não as sombras da caverna.
A mensagem do Ministro, que ironizou dizendo que havia lido o livro pela primeira vez aos 12 anos de idade, e depois mais umas 4 ou 5 vezes ao longa da vida e mesmo assim não havia entendido é tão clara como a luz irradiada pelo deus Hélio: Muitos ainda estão acorrentados dentro da caverna.
Edergenio Negreiros Vieira é professor, mestrando em Educação, Lingaguem e Teconologias, PPG-IELT da Universidade Estadual de Goiás.
Parabéns!