O médico Arthur Lanna Appelt conseguiu fisgar uma Pirarara de quase 1,5m no Rio Xingú
O ortopedista anapolino Arthur Lanna Appelt é o novo recordista brasileiro de pesca esportiva na categoria Pirarara Absoluto. Ele conseguiu fisgar um espécime de espantosos 142 cm. O recorde anterior era de 110 cm. Com o feito, Arthur ingressou no Hall da Fama da Brazil Game Fish Association (BGFA Record), maior autoridade no registro de feitos como esse e única credenciada internacionalmente a homologar os recordes.
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O peixe foi capturado no rio Xingu, na boca de um lago, a cerca de 5 minutos do porto da Aldeia Tanguro, no estado do Mato Grosso. Arthur explica que usou um piau como isca. “A Pirarara é um peixe muito voraz e, por isso, as iscas naturais costumam ser a melhor escolha. Elas atraem o peixe não somente pela aparência, mas também pelo cheiro e sabor”, explica ele. Ainda segundo o ortopedista, o peixe subiu o rio, então todos pensaram que se tratava de uma Piraíba, que tem esse comportamento. “Mas acabou boiando essa monstra Pirarara”, completou.
Peixe forte e destemido
Quem tem costume de pescar Pirarara, ou já pescou pelo menos uma vez na vida, pode se considerar um bom pescador. O peixe é um verdadeiro bruto, joga sujo durante a briga e costuma cansar e até arrebentar a linha de quem a desafia. A verdade é que saber como pesca-la exige uma série de técnicas especiais, além da escolha acurada de equipamentos e iscas. É um peixe de couro (ou seja, sem escamas) de água doce, natural da região da Bacia Amazônica. É bastante robusta, com a cabeça achatada e ossificada, e pode ter em seu corpo cores como vermelho, laranja, amarelo, cinza, além de pequenas pintas por toda sua extensão. Os maiores exemplares podem chegar a medir 1,5 metro e ultrapassar os 70 quilos.
Quanto a seus hábitos de alimentação, costuma comer tudo o que vê pela frente. Para se ter uma ideia da força da Pirarara, além das frutas e plantas da margem dos rios, ela pode se alimentar de caranguejos, aves, tartarugas e até piranhas, ou seja, não se intimida com facilidade. Curiosamente, o peixe também é muito utilizado em aquários como ornamento graças à sua beleza. Entretanto, não é recomendado deixá-lo com outras espécies, ou ele pode acabar abocanhando tudo. Hoje, além da Bacia Amazônica, é possível encontrá-la nos estados de Goiás e Mato Grosso.
A pescaria
O veterinário anapolino Marcelo Caiado, que estava no barco com Arthur, admite que em todo recorde existe um pouco de sorte. “O peixe certo, no local certo, na hora certa”, diz ele. Entretanto, o médico calcula que essa sorte representa só 5% dos elementos envolvidos na conquista. De acordo com ele, o verdadeiro pescador vai utilizar de todos os recursos para atingir seu objetivo. A primeira coisa é escolher o período em que o peixe se encontra mais ativo: entre maio e outubro. “A espécie não gosta de rios muito cheios nem vazios, mas com seu nível normal, o que costuma ocorrer entre outono e inverno”, pontua.
Uma vez no rio, é preciso prestar atenção na superfície, pois ela pode nadar com sua nadadeira superior à mostra. Também é comum que, durante os horários de sol, ela busque a superfície para se esquentar. Entretanto, é em meio aos igapós e galhadas que ela passa a maior parte do tempo, escondida entre a vegetação aquática e caçando. Essa é a terceira vez que Arthur pesca esportivamente, tendo capturado exemplares de outras espécies, mas nenhum tão grande assim. “Era muito pesado e inquieto. Se a ajuda dos meus companheiros de barco eu não conseguiria tirá-lo da água. Eu já estava exausto. Talvez mais que o próprio peixe. Agradeço ao barqueiro Buiú, que fez sua parte com perfeição”, narrou o ortopedista.
O médico detalha que a fisgada desse peixe não é brincadeira, e quem pesca pode passar muitos minutos brigando com ele. Por isso, é preciso um bom equipamento, que aguente a força e a persistência do bruto. “Não pense que a fisgada da Pirarara é como a de qualquer outro peixe. Além de atacar a isca com força, ela toma muita linha, e muitas vezes, é impossível se manter parado em um só local. Por isso, não tenha medo de ir atrás! Se o peixe estiver puxando muito para algum lado, deixe que ele tome distância e, aos poucos, vá trabalhando a linha e girando o carretel até trazê-lo para perto”, complementa. Depois de medido e fotografado, o peixe foi devolvido para o rio, como mostra um vídeo que pode ser visto no site do Portal Contexto.