Falta de planejamento e de investimentos no passado, penaliza a atual geração e sinaliza para uma urgente necessidade de se estabelecer uma nova logística de tráfego
A exemplo de quase todas as cidades brasileiras, Anápolis cresceu naturalmente, ao sabor de épocas e eras socioeconômicas. A expansão urbana descontrolada, que levou (durante muitos anos) a Cidade para rumos nem sempre adequados, a proliferação de bairros fora do compasso urbanístico e a falta de um plano diretor eficaz e eficiente contribuíram e colaboraram para o desconforto vivido, principalmente nas duas últimas décadas, quando o assunto é logística viária.
Ou seja, a Cidade não se preparou adequadamente para a explosão demográfica que se observou com o consequente crescimento da frota de veículos automotores (automóveis, caminhões, ônibus, carretas e, ultimamente, a enorme presença das motocicletas) que disputam cada centímetro de ruas, praças, avenidas, travessas e becos da Cidade.
Em resumo: é veículo de mais, para espaço de menos, o que significa mais dificuldades a cada dia que passa.
Um dos grandes desafios para o atual e para os futuros governantes de Anápolis é justamente, encontrar-se o denominador comum para isto. Acomodar e disciplinar a convivência veículos/pedestres, sem danos sociais, conforme já acontece em várias cidades brasileiras.E, Anápolis caminha para isso.
A começar pela área mais central, ou a “cidade velha” devido ao acúmulo natural com a presença da estação central de transporte coletivo, a maioria das agências bancárias, dos edifícios públicos e das principais lojas do comércio varejista.
Sem contar a presença dos grandes armazéns que agregam um incontável número de veículos pesados (caminhões e carretas) para as operações normais de carga e descarga. Isto, a qualquer hora do dia, ou, da noite. Os congestionamentos são inevitáveis. Não existe uma fiscalização mais consistente para se disciplinar este problema.
O estabelecimento de um projeto para o controle dos estacionamentos repousa, há anos, nas gavetas técnicas, sem uma solução. O resultado não chega a surpreender. Nem mesmo a construção de quatro viadutos (trincheiras) em avenidas emblemática, como a Universitária e a Brasil, por sinal, reformulada e ampliada, foi suficiente para se garantir um fluxo racional, embora estas obras tenham diminuído, em muito, a tensão que havia.
Defende-se a construção de outros viadutos como forma racional de se permitir um trânsito mais ágil e mais seguro, em outras regiões da Cidade. O número de veículos só tende a aumentar e consequentemente, os espaços para a ocupação permanecem os mesmos, numa matemática que nunca bate.
A proliferação de garagens particulares já não é mais suficiente, pois em determinados horários do dia, é impossível encontrar-se uma vaga.
Problema dos acessos
E, se o controle do trânsito na região urbana de Anápolis é problemático, os acessos à Cidade não ficam para trás.
Obras pretéritas como a construção dos viadutos na BR 060 (Trevo do DAIA e Viaduto Miguel Moreira Braga) e na BR 153 nos acessos ao bairro de Lourdes, Recanto do Sol, Bairro Pirineus/Progresso e Vila Jaiara, por exemplo, deram um fôlego no escoamento.
Mas, os usuários desses trechos, há anos, queixam-se dos estrangulamentos que emperram a passagem, com congestionamentos intermináveis, o que causa a perda de precioso tempo, provoca uma série de acidentes e atrasam viagens importantes, principalmente dos ônibus do sistema público de transportes.
A esperança para estas situações reside na proposta da construção de uma ponte que ligará o Bairro Morumbi, ao setor Polocentro, uma espécie de conexão das avenidas Brasil Sul e Pedro Ludovico.
Esta ponte, em tese, aliviaria o problema vivido, há anos, pelos moradores de mais de uma dezena de bairros que só têm a Avenida Pedro Ludovico como fator de escoamento do trânsito diário. A conclusão de tal obra é prevista para daqui a mais um ano.
Outro projeto que, ainda, está no papel, é a construção de uma trincheira (viaduto) sobre o leito da BR 153 (Belém Brasília), a ser bancada, inicialmente, pela Prefeitura.
As tratativas para o desenlace dessa obra têm sido feitas entre o Governo Municipal e a empresa detentora da concessão para administrar a rodovia.
Havendo o acerto, será uma das maiores conquistas de Anápolis em termos de política viária dos últimos tempos, pois permitirá a divisão do movimento da BR 414, em seu trecho urbano que serve a mais de dez bairros densamente povoados, o acesso à Base Aérea e às cidades de Corumbá, Pirenópolis, Niquelândia e outras. Seria uma espécie de redenção para os usuários dos referidos trechos.
Sem planejamento de um transporte público eficiente e planejamento de transporte ativo, o resultado só pode ser esse.
O crescimento de Anápolis considerando os últimos 10 anos com dados do censo vem a uma taxa de 1,35% a.a. bem superior à média nacional de aproximadamente 0,52% a.a.
Ainda temos na cidade um aumento da idade média com uma abundância de jovens ingressando ao mercado de trabalho com aquisição de transporte próprio e moradias, na maior parte das vezes afastado dos locais de trabalho.
Sem calçadas decentes e sombra, só resta ir até mesmo na padaria de carro/moto.
O mesmo se os pontos de ônibus ficam distantes e com destino incoerente com as necessidades.