Não é de se espantar que muitos dos que não lograram êxito nas urnas já estejam buscando abrigo nos projetos dos dois candidatos que avançaram para a “grande final”. Alguns fazem isso disfarçadamente, como quem não quer nada, enquanto outros são mais escancarados, quase que anunciando em alto-falantes suas novas alianças. Mas, convenhamos, esses personagens são velhos conhecidos da política local. Eles vivem e sobrevivem à sombra do poder, como parasitas que se alimentam da seiva do governo, seja ele qual for.
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Esses seres são facilmente encontrados nos corredores da Prefeitura e da Câmara Municipal, exercendo suas especialidades: a bajulação e o lamber botas. Não se trata de uma questão de sobrevivência, mas de puro oportunismo. Eles são os primeiros a abandonar o barco quando ele começa a afundar, e os primeiros a se oferecerem para remar quando um novo capitão assume o leme. É como dizem: “Sempre fui coerente, sempre fui governo. Nunca mudei. Eles é que mudam lá em cima”.
A ironia é que esses camaleões políticos se veem como mestres da coerência. Para eles, a lealdade é um conceito flexível, adaptável às circunstâncias. “Rei morto, rei posto”, dizem, como se a troca de lealdade fosse uma simples formalidade, uma questão de sobrevivência política. Mas, na verdade, é uma demonstração clara da ingratidão e da falta de princípios que permeia a política.
O que esses personagens não percebem é que, ao se comportarem dessa maneira, acabam por minar a confiança do eleitorado. A população, que não é boba, observa e julga. E, embora esses camaleões possam conseguir alguns favores e cargos temporários, a longo prazo, perdem o respeito e a credibilidade. Afinal, quem confia em alguém que muda de lado conforme a conveniência?
Em suma, a política anapolina, como tantas outras, é um palco onde os atores mudam, mas o roteiro permanece o mesmo. Os camaleões continuarão a circular pelos corredores do poder, mas cabe a nós, eleitores, decidir se queremos continuar aplaudindo esse espetáculo ou se, finalmente, vamos exigir uma mudança real, com políticos que tenham princípios e que sejam verdadeiramente comprometidos com o bem-estar da população.