Final de ano é um marco; ainda que saibamos que nada muda automática e substancialmente porque um novo ano chega. Mas ainda assim, a mudança de ano gera em nós uma sensação de que devemos nos concentrar em algumas áreas mais relevantes, de que algumas coisas precisam ser reavaliadas e deixadas para trás. Em resumo, uma ótima época de balanço, porque podemos avaliar o passado e procurar dar novo sentido ao futuro. É um momento em que devemos ver as distorções do passado e olhar para frente, tentando antecipar novas oportunidades e direção.
As perguntas desenvolvidas por Andrés Garza do City to City, América Latina, nos ajudam muito neste processo.
● O que estamos fazendo e o que precisamos parar de fazer?
● O que fazemos e devemos continuar a fazer?
● O que estamos fazendo e precisamos continuar a fazer de novas maneiras?
● O que não estamos fazendo e precisamos começar a fazer?
Precisamos saber para onde devemos ir, mas muitas vezes não sabemos bem qual direção seguir. Muita gente sabe do que está fugindo – o estresse de 2025, as dívidas, os erros -, mas poucos sabem para onde realmente querem ir. É preciso mais do que fugir do passado; é preciso ter um destino traçado pelo propósito, e não pelo desespero.
Dezembro é, para muitos, o mês do “alívio”. É o momento em que soltamos o fôlego acumulado de doze meses e dizemos: “Finalmente, acabou”. Se pararmos alguém na rua hoje e perguntarmos do que essa pessoa está fugindo, a resposta virá rápido: do estresse, das contas atrasadas, de um ambiente de trabalho tóxico ou de uma rotina que sufoca. Sabemos muito bem o que não queremos mais, mas será que sabemos para onde queremos ir?
Agar é uma personagem bíblica quase esquecida, apesar de ter sido a concubina de Abraão. No deserto de Sur, o Anjo do Senhor a encontra desesperada, desorientada e sem rumo e faz a Agar, a seguinte pergunta: “De onde vens e para onde vais?” (Gn 16.8).
Agar respondeu prontamente à primeira parte: “Fujo da presença de minha senhora”. Ela sabia descrever sua dor, sua fuga e seu passado. Mas o silêncio que se seguiu à segunda pergunta — “Para onde vais?” — é o mesmo silêncio que invade o nosso coração quando as luzes dos fogos de artifício se apagam.
Fugir de algo nos dá uma sensação momentânea de liberdade, mas não nos dá um destino. Quem apenas foge continua à mercê do deserto. Sem um “para onde”, qualquer caminho serve, e geralmente esse caminho nos leva de volta aos mesmos erros, apenas com nomes diferentes no calendário.
Saber para onde se vai exige pausa e consideração. Exige sentar-se, refletir, e admitir que a conta da nossa vida não está fechando. É importante que o seu “para onde” seja mais claro do que o seu “de onde”.



