Segundo o Conselho Federal de Nutricionistas, em setembro de 2020, o IBGE divulgou a Pesquisa de Orçamentos Familiares (2016-2017), com o resultado de consultas em 68,9 milhões domicílios de todas as regiões do País. Os números impressionaram negativamente: 36,7% (o equivalente a 25,3 milhões de moradias) estavam com algum grau de Insegurança Alimentar (IA). IA leve (24,0%, ou 16,4 milhões), IA moderada (8,1%, ou 5,6 milhões) ou IA grave (4,6%, ou 3,1 milhões).
E, na semana passada, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional divulgou um amplo estudo realizado entre 05 e 24 de dezembro de 2020, com abordagens em 2.180 domicílios nas cinco regiões do País, em áreas urbanas e rurais. Os resultados mostram que, nos três meses anteriores à coleta de dados, apenas 44,8% dos lares tinham moradores e moradoras em situação de segurança alimentar.
Isso significa que, em 55,2% dos domicílios, os habitantes conviviam com a insegurança alimentar, um aumento de 54% desde 2018 (36,7%). Em números absolutos: no período abrangido pela pesquisa, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos.
E, desses 116 milhões, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave). De acordo com a Rede PENSSAN, o cenário não deixa dúvidas de que a combinação das crises econômica, política e sanitária provocou uma imensa redução da segurança alimentar em todo o Brasil.