Não fosse o trabalho voluntário de organizações não governamentais, igrejas, anônimos etc., poder-se-ia dizer que o Brasil está se tornando um país de famintos, a despeito de sermos um dos maiores produtores de alimentos do mundo.
A qualidade e a quantidade da comida que se consome nesta Nação não são mais as mesmas. Também, a forma de se prepararem os alimentos mudou. O tradicional fogão a gás deu lugar a fogareiros improvisados, como latinhas com álcool, o que, inclusive, tem provocado acidentes domésticos de alta gravidade.
Os produtos consumidos, também, estão mudando de perfil. Determinados produtos e cortes, até então, refugados por consumidores, agora são mais comuns nas panelas das moradias Brasil afora. Afinal de contas, o poder aquisitivo do povo brasileiro caiu, e muito, nos últimos cinco anos.
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O macarrão instantâneo movimentou R$ 3,2 bilhões em 2020, ante R$ 2,7 bilhões em 2019. Com a perda de renda da população, que recorre ao macarrão tipo miojo como um alimento barato, em toneladas o consumo do produto cresceu de 167 mil para 189 mil entre os dois anos. Antes o seu maior consumo era entre estudantes e pessoas sem tempo de prepararem as comidas tradicionais.
Nos açougues, agora, os consumidores recorrem a cortes antes desprezados pela maioria, como pés e miúdos de galinha. O volume de compras dessas peças de aves mais que dobrou em um ano nos supermercados do Brasil.
Assim sendo, o famoso “pé de frango” antes discriminado e tido como “tira gosto de botequim”, hoje, em muitas circunstâncias tem se tornado em “mistura” no almoço e no jantar de muita gente. Da mesma forma, outros cortes, como moela, pescoço e, até, cabeça de galinha que, por sinal, não deixam de ser proteína e de quebra, terem apreciadores, independentemente de crise financeira.
Nunca se vendeu tanto miúdo de frango como ultimamente. Isto, claro, na contramão da história, em se comprando com a carne de boi. Esta, anda “nas alturas” devido à preferência que criadores e industriais têm dado ao mercado externo.