Pesquisadores de São Paulo, Ceará e da Universidade de Hong Kong descobriram um novo coronavírus em morcegos, o primeiro na América do Sul intimamente relacionado ao causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers). O estudo foi publicado no Journal of Medical Virology.
A primeira autora da pesquisa, Bruna Stefanie Silvério, explicou que ainda não é possível afirmar se o vírus pode infectar humanos. No entanto, partes da proteína spike do coronavírus sugerem uma possível interação com o receptor utilizado pelo Mers-CoV. Para esclarecer essa questão, os cientistas planejam realizar experimentos em Hong Kong ainda neste ano.
Diversidade genética
Os pesquisadores identificaram sete coronavírus em amostras de cinco morcegos coletadas pelo Laboratório Central de Saúde do Ceará (Lacen), em Fortaleza. Os animais pertenciam a duas espécies distintas: uma insetívora (Molossus molossus) e outra frugívora (Artibeus lituratus), evidenciando a grande diversidade genética desses vírus.
Outro estudo conduzido pelo Lacen-Fortaleza e pela Unifesp detectou variantes do vírus da raiva de saguis em morcegos. O professor Ricardo Durães-Carvalho, da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, destacou que esses animais são reservatórios importantes de vírus e precisam ser monitorados continuamente. Segundo ele, essa vigilância permite identificar vírus em circulação e antecipar potenciais riscos de transmissão para outros animais e humanos.
Durães-Carvalho coordena um projeto financiado pela Fapesp que investiga a vigilância epidemiológica e a busca por peptídeos de interesse biotecnológico em vírus emergentes e reemergentes.
Com informações AGÊNCIA FAPESP