O Brasil inteiro está às voltas, pela enésima vez, com o problema da dengue. Este mosquito, aparentemente inofensivo, é o atual maior vilão da saúde pública no País e, em que pese a vontade dos governos, justiça seja feita, e, de alguns nichos da sociedade, está ganhando a guerra com enorme vantagem. E sabe por que?
Porque o Aedes tem aliados importantes em meio às multidões. A saber, o próprio povo. Este terrível inimigo nasce a partir da eclosão de ovos, depositados às centenas, em qualquer recipiente onde exista água. De preferência, límpida, embora estes ovos eclodam, também, em água suja. A mesma água que nós, os humanos, não damos a destinação correta. Não é só a água da chuva, como alguns insistem em dizer. É qualquer água. A que deixamos acumular nos vasos de plantas; que deixamos em vasilhames variados; que permitimos que fique a céu aberto, à espera da fêmea do mosquito que ali deposita seus ovos. E, é bom saber que o ovo dura meses, mesmo que a água seque. O importante, nesse caso, é não permitir que ele, o mosquito, tenha acesso aos recipientes.
A responsabilidade é de todos nós. De quem não cuida do quintal, de quem deposita lixo nas áreas baldias, de quem deixa pneus velhos em ambientes abertos, garrafas com os bicos para cima, calhas entupidas, material impermeável nos quintais, vasos mal cuidados e outros procedimentos que dependem, única e, exclusivamente, da comunidade, para interromper o ciclo produtivo do Aedes. Há daqueles que fazem a sua parte. Só que, isso não resolve.
Como também, não resolve, apenas, os governos fazerem campanhas educativas. Muitos de nós, embora tendo consciência de que precisamos fazer a nossa parte, não a fazemos. Por certo, devido à falsa convicção de que não seremos afetados. Entretanto, todo dia, em todo canto do Brasil, dezenas morrem de dengue hemorrágica. De pessoas que estão acamadas vítimas de uma doença do século XIX. Até parece e, em alguns casos é verdade, que muitos gostam de viver em meio à falta de higiene, se acostumaram a conviver com a sujeira, se sentem à vontade em ambientes insalubres, em situações inaceitáveis, humanamente falando. Pessoas naturalmente sujas e irresponsáveis.