Segundo a PF, os responsáveis pelo centro submetiam os pacientes a condições de higiene precárias, fornecendo alimentação inadequada e os obrigando a realizar trabalhos forçados. Além disso, utilizavam a imagem dos internos em transmissões ao vivo nas redes sociais para atrair engajamento e doações financeiras. Agentes afirmaram à que o principal alvo da operação é um líder religioso que recebia os pacientes no centro e os exibia em vídeos publicados online.
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Identificado como pastor Arison Aguiar, de acordo com a PF, ele foi abordado em sua residência pela manhã e depois as autoridades seguiram para o centro feminino do instituto. Aguiar foi convocado para prestar depoimento sobre as acusações que estão sob investigação.
Gabriella Campezatto, secretária executiva de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), relatou que durante a visita foram observadas as condições de moradia dos internos e o tipo de habitação.
No total, foram encontrados 15 homens e seis mulheres, após a aplicação de um questionário institucional com os dependentes químicos, e a rede de proteção do município foi acionada para tomar medidas adicionais. A operação envolve 25 agentes federais, que estão cumprindo três mandados de busca e apreensão, emitidos pela 4ª Vara Federal Criminal da SJAM, em locais estratégicos identificados durante as investigações.
Além da Polícia Federal, a Operação Cativos conta com a participação do Ministério Público do Trabalho, do Ministério do Trabalho e da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (SEJUSC).
O Caso
O pastor evangélico Arison Farias de Aguiar, responsável pelo projeto Resgatando Cativos, tem exposto dependentes químicos para enriquecer. A instituição que ele coordena tem o suposto objetivo de resgatar e recuperar usuários de drogas, mas não oferece tratamento especializado. Apesar disso, tanto os resgates quanto o cotidiano nas casas de alojamento são transmitidos ao vivo pelo Facebook, no estilo de reality show.
A página do pastor na plataforma tem 820 mil inscritos e os vídeos costumam ultrapassar as 100 mil visualizações. O projeto é mantido pela monetização da página e por espectadores que doam dinheiro. Além da exposição de pessoas fragilizadas, as lives revelam supostos abusos, como tratamentos em que o pastor pendura drogas no pescoço de dependentes químicos.