Jacob enriqueceu ao longo de 30 anos com esquema de agiotagem, movimentando cerca de R$ 3 milhões em empréstimos com juros altos
A tranquila cidade de Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal, foi surpreendida pela morte de Jacob Vieira da Silva, um policial militar aposentado conhecido por sua discrição e modéstia.
Apesar de vestir roupas simples e dirigir carros populares, Jacob era um verdadeiro milionário, deixando um patrimônio avaliado em mais de R$ 20 milhões, composto por diversos imóveis, residências, apartamentos e até mesmo prédios em diferentes localidades do Distrito Federal, Goiás e até mesmo no Nordeste.
Milhões em espécie
A fonte de riqueza de Jacob se originava de um esquema de agiotagem que floresceu ao longo dos últimos 30 anos, expandindo-se consideravelmente e chegando ao ponto de circular, pelo menos, R$ 3 milhões em empréstimos cobrados a juros exorbitantes.
Surpreendentemente, o policial aposentado não correspondia ao estereótipo do agiota violento; ao contrário, sua personalidade afável e sua reputação de sempre ter dinheiro em mãos tornaram-no conhecido na cidade, sendo procurado por dezenas de pessoas em busca de auxílio financeiro emergencial.
Influência política
Sua influência se estendia ao cenário político, onde apoiava financeiramente candidatos de ambos os grupos, tanto oposicionistas quanto da base. Segundo fontes, sua estratégia era garantir que qualquer que fosse o vencedor das eleições, estaria em dívida com ele posteriormente.
Antes de seu trágico fim, Jacob havia viajado para São Paulo com o objetivo de adquirir um lote de ônibus, visando participar de uma licitação para transporte escolar em Planaltina de Goiás, ampliando seus negócios. Ele já era sócio da Cooperativa de Transportes de Cidade Ocidental (Cooptrocid-GO), que prestava serviços à prefeitura local.
A descoberta do corpo do policial militar ocorreu após uma denúncia anônima sobre um mau cheiro vindo de uma chácara. Os policiais encontraram Jacob envolto em plástico, amarrado e escondido dentro de uma cisterna. A propriedade onde o trágico evento aconteceu pertence ao seu enteado, filho de sua ex-mulher, identificado como Bruno Oliveira Ramos, de 38 anos.
As forças de segurança iniciaram os trabalhos de resgate na segunda-feira, porém, devido ao grande volume de lama e água no poço, as operações se estenderam até o dia seguinte, quando finalmente o corpo foi retirado da cisterna.
A morte do policial militar e suas conexões com o mundo da agiotagem e da política têm sido motivo de comoção e debate na região, suscitando investigações mais aprofundadas. (Vander Lúcio Barbosa, com informações dos repórteres Carlos Carone e Mirelle Pinheiro, do Metrópoles)