O País produz 90 milhões de toneladas de lixo por ano, mas recicla, apenas, 7,5% dos resíduos e, ainda, tem três mil lixões ativos, com metas adiadas para substituição por aterros sanitários
Durante a COB 30, realizada em Belém, pouco se discutiu sobre reciclagem e reaproveitamento de resíduos. Segundo Laerte Scanavacca Júnior, da Embrapa Meio Ambiente, 15,4% do lixo brasileiro sequer é coletado. Dos resíduos recolhidos, apenas 45% têm destinação adequada. O país ainda mantém cerca de três mil lixões ativos, que acumulam 32% do lixo nacional, agravando problemas ambientais e de saúde pública. Apesar das metas adiadas, a previsão atual é de que todos os lixões sejam desativados até 2029, reforçando a urgência de políticas públicas mais eficazes para gestão de resíduos sólidos.
O país perde cerca de R$ 120 bilhões por ano com reciclagem ineficiente. A infraestrutura precária e a bitributação dificultam avanços na economia circular. O país investe apenas R$ 13,66 mensais por habitante na destinação correta de resíduos. Especialistas apontam que dobrar esse valor reduziria significativamente os custos com saúde pública, além de minimizar impactos ambientais e promover o reaproveitamento de materiais descartados.

Negócio rentável
O Brasil gera cerca de 386 mil empregos diretos com reciclagem de resíduos sólidos urbanos. O alumínio lidera com 98,7% de reaproveitamento, enquanto vidro, plástico e lixo eletrônico enfrentam dificuldades. O país produz 100 mil toneladas de lixo eletrônico por ano, mas 85% dos brasileiros ainda o armazenam em casa.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos enfrenta obstáculos na prática. Especialistas pedem mais investimentos em coleta seletiva, reciclagem e educação ambiental. A compostagem do lixo orgânico poderia reduzir em até 50% o volume descartado, ajudando a preservar os aterros sanitários e evitando impactos ambientais e sociais mais graves.
Problemas estruturais
A contaminação por metais pesados como mercúrio, cádmio e chumbo, presentes em eletrônicos e baterias, representa grave risco ambiental e à saúde. Casos como o de indígenas afetados pelo garimpo ilegal em 2019 ilustram o problema. A construção civil também desperdiça até 30% dos materiais utilizados.

Apesar dos desafios, o Brasil tem potencial para avançar na reciclagem e economia circular. Ampliar a coleta seletiva, oferecer incentivos fiscais e promover educação ambiental são medidas essenciais. Sem essas ações, o acúmulo de resíduos continuará comprometendo a saúde pública, o meio ambiente e o futuro das próximas gerações.
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