Em uma live transmitida em suas redes sociais no final da manhã desta quinta-feira, 09/04, com a participação dos jornalistas Lucivan Machado, Orisvaldo Pires e Marcos Vieira, o prefeito Roberto Naves adiantou que há, sim, a possibilidade de flexibilização nas medidas do decreto de emergência, tanto estadual quanto municipal, que tratam do isolamento social e a restrição de atividades econômicas, no próximo dia 19.
O chefe do Executivo anapolino, entretanto, ressaltou que é preciso muita cautela, considerando que o isolamento é uma medida necessária para se evitar o estrangulamento no sistema de saúde, com pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
Conforme pontuou, não é de interesse da Prefeitura, do Governo Estadual ou do Governo Federal de manter pessoas em isolamento e estabelecimentos comerciais fechados. Contudo, observou que as medidas são necessárias para que haja uma preparação em termos de leitos e UTIS, para receber os pacientes infectados com o coronavírus. Roberto Naves enfatizou que em várias cidades e regiões de Goiás, é zero o número de leitos e UTIs.
“E é isso que nos estamos fazendo, eu como Prefeito, o Ronaldo Caiado como Governador, o ministro Luiz Henrique Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro”. No caso de Goiás, o governador não teve como colocar em funcionamento os hospitais de campanha, porque ainda faltam ventiladores/respiradores, monitores e equipamentos individuais de proteção (EPIs). “O governador Caiado tem trabalhado em cima de dados técnicos”, disse o prefeito, sobre a questão da flexibilização.
IPTU
Foram vários assuntos abordados na entrevista, com participação de internautas. Um dos principais questionamentos foi quanto a uma possível prorrogação do prazo de pagamento do IPTU, cujo calendário para o pagamento à vista ou da primeira parcela começa na próxima segunda-feira, 13. A resposta dada por Roberto Naves foi a mesma que já havia dada em outras entrevistas, na forma de aconselhamento: “As pessoas que tiverem condição, paguem, porque esta é uma forma de ajudar nesse momento de dificuldade”, frisou, observando que a pessoa que não tiver como pagar na segunda-feira (13), não terá como pagar, da mesma forma, daqui um ou dois meses. Para essas pessoas, o prefeito disse que lá na frente deve ser buscada uma solução, ou o parcelamento até o final do ano, ou a não cobrança de multas.
“Tudo está sendo estudando”, garantiu, não descartando, até, uma isenção para impostos abaixo de RR$ 120,00. Entretanto, observou que isso está sendo avaliado do ponto de vista jurídico, porque se não houver essa segurança jurídica, poderá haver caracterização de renúncia de receita e crime de improbidade.
Questionado sobre o pedido de prorrogação de outros tributos e taxas feitos por entidades do Fórum Empresarial de Anápolis, num manifesto que foi amplamente divulgado para a imprensa e nas redes sociais, Roberto Naves disse que esse pedido também está sendo analisado, por entender a importância do setor produtivo para a geração de emprego e renda na cidade.
“Tudo vai ser feito, na hora certa”, pontuou o prefeito, sem dar maiores detalhes. “Não vamos, de maneira alguma, penalizar a população por uma situação que ela não criou”, arrematou.
Testes
Sobre a testagem de pacientes para coronavírus, Roberto Naves reconheceu que ela é muito pequena, ainda, não só em Anápolis, mas em todo o Brasil. Segundo ele, Goiás acaba de receber uma remessa de mais de 13 mil testes rápidos adquiridos da China pelo Ministério da Saúde. Mas, a distribuição entre os municípios goianos, porque o material avaliado está sendo “testado”. É que, conforme explicou o prefeito, há uma grande quantidade de testes rápidos sendo fornecidos no País, porém, alguns com margem muito baixa de confiabilidade dos exames, na casa de 30%. A Prefeitura de Anápolis deverá fazer uma compra de testes com o recurso destinado pela Câmara Municipal, no valor de R$ 1 milhão, mas, conforme assinalou Roberto Naves, essa compra está esbarrando justamente na falta de um produto que tenha confiabilidade atestada.
Fakes e críticas
Na live, Roberto Naves também condenou as pessoas que aproveitam-se da crise para espalhar notícias falsas pela internet, as chamadas fake News. Perguntado se esse ato seria politicagem, o prefeito preferiu rotulá-lo de “maldade”. “Nós temos agora muitas pessoas idosas que estão sozinhas em casa e que acabam em pânico com algumas informações”, ponderou, dizendo que não tem procurado dar ouvidos a este tipo de informação. O prefeito recomendou que, como as pessoas estão mais tempo em casa, que busquem se informar através de veículos de comunicação confiáveis.
Ele, ainda, falou sobre uma crítica originada através de um áudio gravado por um empresário e que circulou amplamente nas redes sociais, falando sobre o gasto que a Prefeitura está fazendo na casa de R$ 4 milhões com o coronavírus.
Roberto Naves corrigiu a informação, dizendo que o gasto está na casa de R$ 5 milhões. E que o investimento dá condições a Anápolis de ter uma situação diferenciada de outros municípios de Goiás, com leitos de internação e de UTI à disposição daqueles pacientes que necessitarem de tratamento. Ele explicou que o custo diário de um leito UTI é da ordem de R$ 1,1 mil. Na unidade que foi montada onde funcionava o Colégio Carmo, foram instalados 30 leitos. Com isso, por mês, será se mais de R$ 1 milhão somente com esta estrutura, que é necessária ao suporte para acolher os pacientes graves de Covid-19. “Ficaria até feliz se não fosse preciso usar essa estrutura”, destacou, acrescentando, entretanto, que ela é indispensável para salvar vidas.
ZAP Social
Durante a live, Roberto Naves informou que está sendo montada uma estrutura para que as famílias afetadas pela crise do coronavírus possam receber alimentos, produtos de higiene e limpeza, dentre outras doações, sem que as pessoas precisem sair de casa. A Prefeitura vai entregar no local, após triar a pessoa a ser beneficiada por uma ferramenta semelhante a que foi implantada na saúde. Será o ZAP Social.
Segundo o prefeito, várias empresas e pessoas físicas têm feitos doações, não só de alimentos. Uma indústria farmacêutica do DAIA, por exemplo, comprou 20 ventiladores/respiradores. Com isso, a capacidade do Centro de Internação no antigo Colégio Carmo poderá subir de 30 para 50 leitos de UTI. A Prefeitura também está fazendo uma compra de 20 mil cestas básicas. Empresas também fizeram doações de álcool em gel.
Eventos
Sobre a realização de eventos culturais e esportivos, Roberto Naves enfatizou que devido à pandemia, o calendário de atividades deve de fato ficar prejudicado. Inclusive, ele vê pouca chance de que este ano seja realizada a Arraiana, festa popular e social que marca as comemorações do aniversário de Anápolis, no dia 31 de julho. “Não vejo clima, acho inviável”, pontuou, dizendo que não seria prudente colocar milhares de pessoas aglomeradas, sendo que ainda em julho, o vírus poderá, ainda, estar circulando.
Política
Perguntado sobre as eleições municipais deste ano, uma vez que é virtual candidato à reeleição para o cargo, o prefeito Roberto Naves disse que esse assunto foi “terceirizado” para outras pessoas de sua equipe. “Não tem espaço, não tem sobrado nem 10, nem cinco minutos”. Conforme observou, o seu foco neste momento está totalmente concentrado em três frentes: combater o coronavírus, ter dinheiro em caixa para pagar o funcionalismo e promover assistência social às famílias necessitadas. “Estou alienado, não estou acompanhando [a política]”, resumiu.
Cloroquina
Alguns internautas enviaram questionamentos, alguns deles, questionando se a Prefeitura de Anápolis tem estoque de cloroquina para o tratamento de pacientes com Covid-19. Roberto Naves respondeu que o tratamento com esse medicamento, ou seja, com a cloroquina e a hidroxicloroquina, está sendo ministrado dentro dos protocolos e orientações do Ministério da Saúde.