Em coletiva, Roberto Naves descartou a possibilidade de fechar o comércio por enquanto, mas prometeu endurecer a fiscalização contra segmentos que desrespeitarem decreto
Depois que o governador Ronaldo Caiado pediu apoio as prefeituras para fechar o comércio diante do aumento de mortes e infecções em cidades do interior, o prefeito Roberto Naves convocou entrevista coletiva no miniauditório do Centro Administrativo para falar sobre a situação de Anápolis. Segundo ele, o município conta atualmente com 60 leitos de UTI exclusivos para o atendimento de pacientes com a Covid-19, com taxa de ocupação de 15%, o que justifica a manutenção da matriz de risco como “baixa”.
O último boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde trouxe a confirmação de 39 novos casos de Covid-19 na cidade. Número considerado alto se comparado ao histórico de divulgações, perdendo apenas para o último dia 13, quando 46 pessoas testaram positivo para a doença. Os novos pacientes são 19 mulheres, de 23 a 89 anos, e 20 homens, de 23 a 51 anos. O número de óbitos permanece em 11. Já no Estado, um número assusta. Foram 34 mortes nas últimas 24 horas.
Roberto Naves declarou concordar com o governador sobre o endurecimento de medidas para conter o avanço da doença, principalmente em cidades do interior, que confirmam as estatísticas de que a Covid-19 está migrando mais rápido das capitais para as cidades de menor porte. Entretanto, o prefeito defende que Anápolis é uma exceção por ter conseguido se preparar à tempo para enfrentar a pandemia, sem sacrificar as atividades econômicas, pelo menos por enquanto. “Fizemos o nosso dever de casa e não podemos pagar pelos municípios que não se prepararam”, resumiu ele
Colaboração da Sociedade
Acompanhado de representantes da vigilância epidemiológica e da polícia militar, Naves cobrou a colaboração da sociedade no sentido de cumprir as exigências do último decreto, que estabelece regras claras sobre o distanciamento social a ser mantido e a utilização de métodos sanitizantes e de equipamentos de proteção individual. Ele afirmou que vai intensificar a fiscalização e cassar as licenças dos estabelecimentos que não estiverem adequados à essa realidade. “Teremos tolerância zero para quem não respeita a vida”, afirmou.
O prefeito também citou o caso de estabelecimentos que estão permitindo aglomerações e de “festas clandestinas” que insistem em acontecer apesar da determinação de não reunir pessoas. “Quero a participação de todos na denúncia dessas aglomerações através do telefone 156 da prefeitura e do 190 da polícia militar”, pediu ele. Ele explicou que não terá mais tolerância e que, caso três estabelecimentos do mesmo segmento econômico tenham a licença cassada, vai revogar o trecho do decreto que permite que tal segmento continue atuando em meio à pandemia. “Faremos uma fiscalização neste fim de semana e na segunda-feira já teremos novidades nesse sentido”, completou.
Crises
Por último, o prefeito citou as crises já enfrentadas pela comissão de enfrentamento ao novo coronavírus na cidade. Segundo ele, o município venceu a guerra pela ampliação dos leitos de UTI e da aquisição de novos respiradores. Depois, venceu a escassêz de insumos e equipamentos de proteção individual e, agora, enfrenta a falta de anestésicos junto a fornecedores de todo o país para manter os pacientes estáveis nos leitos de UTI. Ele afirmou que os estoques da prefeitura são suficientes para os próximos 30 dias e que, até lá, espera que o fornecimento já tenha se normalizado. “Nossa matriz de risco prevê todos os tipos de situação, mas isso significa que podemos ter que mudá-la a qualquer momento, o que farei sem exitação”, afirmou.
Naves confirmou que vai participar da reunião virtual convocada pelo governador Ronaldo Caiado, com todos os prefeitos, na próxima segunda-feira. O assunto em pauta é o fechamento do comércio em grande parte do Estado. Ele disse que vai defender a posição de Anápolis, com base nos estudos feitos pelos especialistas à serviço do município, optando por manter funcionando as atividades econômicas. “O STF já decidiu pela autonomia dos municípios para decidir sobre o assunto e a nossa realidade é totalmente diferente da de Rio Verde e Aparecida de Goiânia, entre outras”, finalizou.