Conseguir emprego é uma luta diária para milhares de brasileiros. E, esta, também, vem sendo a batalha enfrentada pelos portadores da Síndrome de Down. Com o objetivo de amparar e discutir melhorias na qualidade de vida dessas pessoas, inclusive a sua inserção no mercado de trabalho, é que foi instituída data de 21 de março como o Dia Internacional da Síndrome. A escolha foi da Associação Internacional, em alusão aos três cromossomos no par de números 21 (21/3), que as pessoas com a Síndrome de Down possuem.
Em Anápolis, a Associação de Pais e Amigos do Excepcional – APAE é a instituição responsável para dar suporte e apoio aos pais, familiares e portadores da Síndrome de Down e, ainda, a outras deficiências. Por meio da Escola “Maria Montessori”, as crianças e adolescentes recebem a educação básica e a profissional, sempre buscando a inserção social. No mundo todo há pessoas com Síndrome de Down estudando; trabalhando; vivendo sozinhas; escrevendo livros, se casando e, até, chegando à universidade.
Segundo o coordenador de educação profissional, Marcelo Mello Barbosa, a escola trabalha voltada para o processo de gestão profissional, onde se cumpre o objetivo de inserir os alunos no mercado de trabalho. Acerca disso, ele explica que as empresas, de modo geral, estão cada vez mais informadas sobre o cumprimento de cota. Ele também percebe a mudança de atitude ao entender que receber um deficiente não é, apenas, cumprir a legislação e, sim, dar oportunidade de crescimento aos portadores.
Números
A psicóloga Cynthia Marques Ferraz da Maia apresentou alguns dados que são passivos de reflexão das empresas quanto às vagas existentes no mercado. Segundo ela, 59 alunos são portadores da Síndrome de Down, sendo que, três estão trabalhando formalmente. “As áreas de maior atuação do Down é como auxiliar de produção e serviços administrativos”, explicou comparando com as vagas que surgem.
Ainda é um pequeno número, mas há vários motivos que cercam essa realidade. Em primeiro lugar, a questão do Benefício de Prestação Continuada (BCP) que os deficientes recebem – como se fosse uma aposentadoria. Segundo, as famílias não incentivam a inserção do portador de necessidades especiais em algum trabalho, pois a partir do momento em que ele se tornar empregado, deixa de receber o BPC. E, por último, mas não menos importante, a empresa precisa de alguns avanços na estrutura física para acolher a produção de uma pessoa com necessidades especiais e na capacitação para aperfeiçoar essa inclusão.
Os empresários, segundo a psicóloga, também devem buscar conhecer essa pessoa que está se adaptando às novas experiências. “Tratar como se fosse um trabalhador comum, ter tolerância, compreensão e solidariedade são itens que não podem faltar”, disse.
Exemplo de vida
Mas, todos os preconceitos vêm sendo quebrados diante do esclarecimento dos pais e da população. Um exemplo disso é a professora Alba Santos Estrella que tem uma filha Down, a Thamara Elena Santos Estrella, de 22 anos. Além de ser um modelo de superação, segundo a mãe, “é uma menina educada e organizada, pois desde bebê recebeu cuidados de equipe multidisciplinar”. A estudante nasceu em São Paulo, mas cresceu em Anápolis, recebendo os cuidados de todos da cidade.
A professora revelou que já chorou muito, mas que Deus a muniu de forças para buscar todos os recursos para que a filha se sentisse bem. “O primeiro emprego para ela foi muito importante e, com certeza, muito maior para mim que percebi o quanto minha filha é capaz”, disse. Thamara Estrella permaneceu no emprego durante dois anos e meio e agora busca uma melhor qualificação para ocupar outro cargo.
O que diz a Lei Federal 10.098 de 2000 e o Decreto 3.298 de 1999 sobre as cotas para deficientes?
Definem as cotas de inclusão de portadores de deficiência em 2% para as empresas que abrigam de 100 a 200 funcionários; 3% para as que empregam entre 201 a 500 pessoas, 4% para aquelas que têm entre 501 e 1.000 e, 5% para as que contam com mais de 1.000 trabalhadores.