Qual balanço o senhor faz deste primeiro semestre na Assembleia Legislativa, em relação ao trabalho da Diretora e dos parlamentares?
Lissauer – É um balanço positivo. Eu vejo que a 19ª legislatura tem se destacado pelos debates, pela participação maciça dos deputados, com quóruns altíssimos em todas as sessões e, acima de tudo, participação e a vontade dos parlamentares em contribuírem com a melhoria do Estado de Goiás. Temos aqui representantes de várias regiões e diversos segmentos, várias cabeças discutindo benefícios para a população goiana. Nós fomos eleitos num processo de total independência e isso é uma marca que nós não abrimos mão aqui na Casa. Independência, mas com harmonia, com diálogo, com muita transparência e com vontade de fazer o melhor. Matérias importantes para a população de Goiás, nós não vamos hesitar em estar pautando aqui [na Assembleia]. Agora, é claro que nós temos de ter o respeito dos outros poderes. O Poder Legislativo não aceita mais a interferência do Poder Executivo. Mas, o diálogo é importante e nós vamos trabalhar isso. Então, faço um balanço positivo, pelo avanço que nós tivemos. Conseguimos, historicamente, em definitivo, aprovar o Orçamento Impositivo, que é importante para todos nós deputados, que vamos representar os municípios que representamos e que estavam sofrendo muito com as suas demandas e nós não tínhamos como atendê-los, porque não tínhamos esta ferramenta para o trabalho. O Orçamento Impositivo vai nos permitir ir aos municípios, conhecer a realidade, as prioridades dos prefeitos, vereadores e das lideranças e, principalmente da população, e aqui no parlamento nós agora vamos conseguir levar o benefício até às cidades.
A Assembleia Legislativa teve uma pauta bastante robusta neste primeiro semestre, com propostas importantes para o Estado, como a Reforma Administrativa e o Regime de Recuperação Fiscal. Como o senhor analisa o trabalho dos deputados em relação a essas pautas?
Lissauer – Nós temos trabalhado com democracia. Existem deputados que são a favor, outros que são contra. Existe o Governo tentando montar uma base e eu, como presidente da Casa, tento equilibrar as coisas. Temos matérias importantes aqui para a vida da população de Goiás, principalmente, dos servidores públicos. Mas, nós temos de pautar e os deputados é que vão decidir. Tudo aqui é a maioria. Nós temos 41 cabeças, 41 parlamentares que vão discutir entre si as matérias e vão aprova-las ou rejeitá-las. Eu cito aqui uma matéria, a do passe livre estudantil, que seria reprovada e o Governo resolveu retirá-la para não ter um processo de desgaste em uma derrota. Agora, tem uma matéria aqui, da vinculação constitucional da UEG, eu também o Governo resolveu sobrestá-la por enquanto, deixando para uma discussão maior. Veio agora o Regime de Recuperação Fiscal, que é uma autorização para o Governo Estadual dialogar com o Governo Federal, acho que essa matéria será aprovada, mas ela não dá o direito de o Governo fazer o que quiser com o Regime de Recuperação Fiscal. Ao contrário, nós resguardamos que todos os processos do RRF terão que passar pelo Legislativo. E eu aqui já emito a minha opinião sobre o RRF: acho que é uma matéria muito dura; um remédio muito amargo para a população de Goiás. E o que nós queremos agora: este fôlego que o Governo está ganhando de seis meses, através da Assembleia Legislativa, é para que possamos nós, com equilíbrio, todo os poderes sentarem à mesa para acharmos um caminho um pouco menos duro do que o Regime de Recuperação Fiscal. Particularmente, acho que o RRF é inviável para o Estado de Goiás.
A construção desse diálogo passa, principalmente, pela própria Assembleia Legislativa e por sua representatividade?
Lissauer – Sim. Nós estamos aqui para dialogar. Quando essa matéria chegou na Casa, a primeira atitude que fiz foi chamar todos os poderes para cá, além do Ministério Público, a Defensoria Pública e os tribunais de contas, para que nós pudéssemos discutir juntos. A Assembleia não pode, em matérias tão pesadas quanto essa, a responsabilidade de decidir sozinha. Então, chamamos todos num ato inédito e histórico aqui na Casa. E assim, nós faremos com outras matérias que forem importantes e fundamentais para o Estado de Goiás e a população.
Nós tivemos recentemente em Anápolis, uma sessão da CPI da Enel. A Assembleia montou também, recentemente, uma frente municipalista. Essa é uma tônica do senhor, da gestão da atual Mesa Diretora, ou seja, trazer as pautas municipalistas para a Casa?
Lissauer – Nós temos aqui deputados que são totalmente municipalistas. Eu venho de uma região importante também (o presidente é da região de Rio Verde) e fiz um trabalho também no meu primeiro mandato muito ligado aos municípios. E a realidade é uma só: nós temos aqui um parlamento de deputados que querem trabalhar e que estão focados em buscar benefícios para as cidades. Nós temos várias CPIs correndo aqui na Casa: da Enel; das obras paradas; das universidades, dos incentivos fiscais, então, estamos empenhados inteiramente em trazer benefícios para a população. Tenho certeza que esses deputados darão resultados muito positivos para Goiás.
Esse contato mais próximo com os municípios também fortalece a Assembleia Legislativa?
Lissauer – Não temos dúvida, mesmo porque as dificuldades estão nos municípios; as pessoas moram nas cidades; os problemas estão batendo lá na porta dos prefeitos, dos vereadores, da população e nós, representante dessa população, precisamos estar próximos, ouvindo as demandas e trazendo para discutir aqui na Casa. Essa é uma prioridade do Poder Legislativo, estar com os municípios e ajudá-los melhorar e a sair da crise.