Com base em provas consistentes, a Polícia Civil, em Goiânia, diz estar convicta de que Uingles Queiroz Costa, 32 anos presumíveis, que já responde por tentativa de homicídio naquela cidade e que foi preso em flagrante na segunda-feira, 28, depois de detonar uma bomba de fabricação artesanal no interior de um ônibus na Capital do Estado, seja o mesmo que, no dia cinco de janeiro deste ano, praticou um atentado de forma idêntica em Anápolis. Naquela ocasião, o casal de namorados Guilherme de Almeida e Thays Mendes seguia pela Rua Engenheiro Portella, em um Fusca branco, quando foi surpreendido por um ciclista que acendeu o pavio de uma bomba e a atirou no interior do veículo. A explosão causou queimaduras de segundo e terceiro graus no casal que ainda está internado no Hospital de Queimaduras de Anápolis.
O crime, que chocou a opinião pública de Anápolis e, até, de outros estados e países, foi apontado, inicialmente, como de natureza passional. Um ex-namorado de Thays chegou a ser chamado para prestar depoimentos, mas nada se provou contra ele. Com a prisão de Uingles, em Goiânia, outra luz se acendeu e o delegado Carlos Eduardo Galieta, do Sétimo Distrito Policial daquela cidade se estriba em várias provas para apontar Uingles como o eventual autor do atentado em Anápolis.
Segundo aquela autoridade policial, ao ser interrogado sobre o atentado dentro do ônibus, em Goiânia, Uingles disse que o fizera porque estaria sendo ameaçado por um passageiro que se achava no coletivo. Mas, esta pessoa nunca foi identificada. Com os pertences de Uingles, foi encontrada uma nota fiscal de venda de uma bicicleta, por uma loja de Anápolis. As características da bicicleta (preta, sem garupeira e com amortecedores) coincidem com a que foi mostrada nas filmagens das câmeras de videomonitoramento, quando do atentado na Praça Bom Jesus. Ao ser questionado sobre o assunto, Uingles disse que não falaria sobre o caso de Anápolis e que a polícia, se quisesse, que investigasse.
Em contato com a empresa anapolina, o delegado Carlos Eduardo Galieta ficou sabendo que uma pessoa, com as características de Uingles havia, de fato, adquirido uma bicicleta e que, dias depois, procurara a loja pedindo para que o veículo fosse desmontado, pois seria levado para São Paulo. Uma blusa encontrada em poder de Uingles seria idêntica, também, à que foi mostrada nas filmagens. Em Anápolis, o delegado Éder Martins considerou as provas robustas, embora pretenda, ainda, tirar mais conclusões, dentre elas, uma provável acareação entre o acusado e o dono da loja onde a bicicleta foi encontrada. Mas, para ele, “o crime está, praticamente, desvendado”.
O acusado
De acordo, ainda, com o delegado de Goiânia, Carlos Eduardo Galieta, o acusado Uingles Queiroz Costa é originário do Estado do Pará, já morou em São Paulo, Anápolis e Goiânia. Ele vive sozinho e ganha a vida com pequenos serviços, como servente, em locais aleatórios. “Salvo melhor juízo, ele tem sérios problemas mentais, incluindo esquizofrenia, devido ao seu comportamento. Mas, isso é assunto da área científica. O que temos em mãos são provas concretas do atentado em Goiânia e fortes evidências de que ele, embora negue, seja, mesmo, o autor do crime em Anápolis”, disse o delegado.
Uingles Queiroz deverá ser trazido para Anápolis, onde será interrogado a respeito da autoria do atentado contra o casal de namorados. O delegado Éder Martins pretende saber, principalmente, a motivação que ele teria para detonar a bomba. A vida pregressa e a verdadeira identidade de Uingles vão ser pesquisadas a partir de agora. Seus traços de perturbação mental podem indicar a prática de outros delitos em épocas anteriores, segundo disseram alguns policiais mais experientes.