Não somente na pandemia, mas em todos os cenários de impacto, a atuação jornalística é crucial e pode salvar vidas. Em meio a tantas inseguranças e instabilidade, temos uma certeza: informação confiável nunca é demais.
Diante da Covid-19 e guerras políticas, aplaudo o brilhante desemprenho de todos os profissionais que se arriscam para levar a notícia e combater a ignorância. Em contrapartida, julgo e me decepciono com o jornalismo supérfluo e insensato que ainda permanece evidente.
Sobre essa posição, cito um caso recente que repercutiu, inclusive, internacionalmente. No final de dezembro, a Folha publicou uma notícia falando sobre a comercialização de vacinas falsas contra a Covid-19 em Camelôs do Rio de Janeiro. Quando divulgado, logicamente, o assunto ficou entre os mais falados da web.
Acontece que a apuração da matéria teve problemas e o texto chegou a ganhar três versões diferentes, a última, inclusive, seguida de um ‘Erramos’. A manchete, antes demasiada, foi substituída por “PF apura suposta venda de vacinas contra Covid-19”.
No pedido de desculpas, o veículo assumiu o erro, confessando ter se baseado em um depoimento das redes sociais e, na pressa de divulgar a notícia, não averiguou a fundo toda situação.
Do jornalismo, espera-se que evite o sensacionalismo, saiba filtrar o barulho das redes sociais e reconheça os seus erros, que, afinal de contas, fazem parte do processo. O mal do tão temido jornalismo sensacionalista é querer, a todo custo, compartilhamentos e visualizações.
A denúncia, logicamente, precisa ser feita. Mas o dever de um bom jornalista é levar ao receptor com responsabilidade. Como já dizia Carlos Alberto Di Franco, ‘a fórmula de um bom jornal reclama uma boa dose de interrogações’.