Sinal de alerta que tem sido tocado há, pelo menos, dois anos (inclusive pelo Jornal Contexto), a qualificação da mão de obra, principalmente no setor industrial, é mais do que urgente e emergencial. A economia brasileira dá os primeiros e firmes passos para um ressurgimento, mas depende, diretamente, de como a máquina produtiva vai ser tocada. E, muito mais do que isso, quais são os operadores encarregados dessa atividade. O fim da pandemia da covid-19, que (felizmente) se aproxima, mostra, também, a precariedade em muitos setores produtivos, onde, por diferentes razões, a operacionalidade não acompanhou a evolução tecnológica das máquinas. De agora em diante, na corrida para a recuperação, o setor industrial vai precisar de mais qualidade em vez de quantidade.
O alerta serve para regiões que concentram núcleos industriais, como é o caso de Anápolis. Cidade eminentemente voltada para a indústria – tem o maior e mais importante distrito indústria do Centro Oeste – o Município precisa (e deve) ficar atento à evolução que bate às portas. Quanto mais mão de obra qualificada se disponibilizar, maior será, também, o resultado dessa nova fase do soerguimento socioeconômico do Município e sua região de influência. As autoridades precisam se inteirar disso e investirem, maciçamente, na qualificação dos trabalhadores. Muito já se avançou, é verdade, mas a modernização é uma crescente indiscutível. Os governos Municipal, Estadual e Federal, assim como o setor produtivo organizado, têm de falar a mesma linguagem e se entrelaçarem para que o resultado positivo seja conseguido.
Prova disso é que para garantir competitividade, a indústria nacional tem investido nas tendências globais da chamada Indústria 4.0. Em resumo, é a busca por profissionais cada vez mais qualificados para atenderem à fase de transformação pela qual o setor passa, que é pautada na redução de custos e no aumento da eficiência atrelado às tecnologias. Segundo o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, vinculado ao Observatório Nacional da Indústria, até 2025 o País precisará qualificar 9,6 milhões de trabalhadores atuantes no setor industrial para atender à demanda. Destes, dois milhões serão para substituírem aposentadorias e para atenderem a novas vagas de mercado.
E, mais: a expectativa é de que surjam quase 500 mil novas vagas formais em ocupações industriais em quatro anos. Até 2027, os cálculos do estudo Projeto Indústria 2027, da Confederação Nacional da Indústria é de que, ao menos, 21,8% das indústrias brasileiras estejam com o processo produtivo totalmente digitalizado nos próximos dez anos, ou seja, seguindo os padrões da nova revolução industrial. Há cinco anos, em 2017, quando a pesquisa foi realizada, apenas 1,6% do empresariado afirmou já atuar nessas condições. Mas, somado aos investimentos a longo prazo, o setor industrial está confiante em tempos pós-pandemia. O grau de confiança dos empresários neste mês de junho, por exemplo, atingiu o maior índice desde setembro de 2021.