Faltando um mês para o Dia das Crianças, daqui a pouco seremos inundados por apelos comerciais e campanhas que exaltam o consumo.
Contudo, essa enxurrada emocional e estimulante às compras não deveria ofuscar uma reflexão mais urgente: quem está, de fato, cuidando das nossas crianças?
Casos recorrentes de violência, negligência e o crescimento alarmante do envolvimento precoce de jovens no crime, nas drogas e em situações de risco representam o reflexo de uma sociedade falha em seus cuidados.
Se olharmos com honestidade, veremos que, enquanto os esforços estão voltados para conquistas financeiras ou buscas por status, negligenciamos o presente mais valioso que podemos oferecer: atenção, cuidado e amor.
Cuidar das nossas crianças vai muito além de oferecer bens materiais ou garantir que frequentem boas escolas. É fundamental reconhecer que delegar exclusivamente a professores, psicólogos, terapeutas e cuidadores a missão de formar cidadãos é um erro.
Esses profissionais desempenham papéis auxiliares importantes, mas o verdadeiro alicerce de formação emocional e educacional está no lar. Ele nasce do convívio, do diálogo contínuo e afetuoso, e de uma presença genuína e constante.
Quantos de nós sabemos quem são os amigos dos nossos filhos, o que gostam de fazer em seu tempo livre ou até que tipo de conteúdo consomem na internet? Observar e corrigir sem exagero, mas com atenção, não é controle excessivo, é amor. Cada ausência de cuidado hoje pode criar uma lacuna difícil de preencher no futuro.
O Dia das Crianças precisa ser mais do que presentes e festas. Deve se tornar um ponto de partida para reflexão. Afinal, crianças não são acessórios da nossa correria diária, nem números nessa trajetória de busca pelo sucesso. Elas já são o futuro da nossa sociedade – um reflexo do que fazemos por elas agora.
Se esse futuro não for moldado com cuidado, afeto e atenção no presente, talvez não reste tempo, mais adiante, para corrigirmos os erros ou evitarmos os arrependimentos.
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