Bancos investem cifras bilionárias para preservar clientes, mas é necessário que pessoas façam a sua parte para driblar os golpistas
Claudius Brito
Levantamentos feitos pela Federação Brasileira de Bancos revelam que as tentativas de fraudes financeiras contra os brasileiros cresceram durante a pandemia do coronavírus.
De acordo com a Febraban, houve aumento em cerca de 80% nas tentativas de ataques via phishing – que se inicia por meio de recebimento de e-mails que carregam vírus ou links e que direcionam o usuário a sites falsos, que, normalmente, possuem remetentes desconhecidos ou falsos.
O golpe do falso motoboy teve aumento de 65% durante o período de isolamento social. Já os golpes do falso funcionário e falsas centrais telefônica cresceram na casa de 70%.
Ainda de acordo com a Febraban, os bancos investem cerca de R$ 2 bilhões por ano em sistemas de Tecnologia de Informação para garantir segurança e tranquilidade dos clientes em suas transações financeiras diárias. Mas, todo esforço só terá um resultado melhor com a colaboração das pessoas, conhecendo e evitando cair nas garras dos golpistas.

O gerente geral da Agência Anápolis Banco do Brasil, Leonardo Ribeiro Borges, confirma que é perceptível o aumento de fraudes neste período de pandemia. E, segundo ele, apesar dessa elevação ser constatada em todas as faixas etárias, os idosos são os principais alvos dos bandidos, por ser uma faixa mais vulnerável.
Questionado sobre os casos mais recorrentes, Leonardo Ribeiro salienta que os casos envolvendo coação e violência são cada vez menos reportados pelos clientes.
“A tática mais utilizada é o engano, a dissimulação onde os clientes são levados a confiar no negócio, no site, na mensagem de celular, ou mesmo na pessoa que presta algum tipo de auxílio. A isso, dá-se o nome de engenharia social”, pontua o gerente do BB.
Leonardo Ribeiro informa que entre as principais orientações dadas aos clientes está a de em nenhuma hipótese compartilhar os dados, muito menos as senhas de contas e aplicativos. Nenhum banco precisa que se informe os dados. Não aceitar ajuda de estranhos. Em último caso, não entregar cartão e não digitar a senha enquanto alguém está olhando.
“Ao acessar a conta, digitar dados incorretos. Se for o site oficial do banco, o cliente não conseguirá acessar e então, saberá que o site é legítimo. Mas se for uma página falsa, não continuar. Sair imediatamente e pedir um técnico para formatar o computador”, recomenda o gerente do BB.
Outra orientação é jamais depositar ou transferir dinheiro para um estranho para “amarrar” um negócio. “É preferível perder uma oportunidade a perder o dinheiro e a paz”, frisa.
“Muitos clientes, principalmente idosos, quando se veem envolvidos em fraudes, ficam com grande sentimento de culpa. Isso acontece porque são pessoas de bem, honestas e altruístas. Esses valores não podem se perder. Talvez tenham que ser um pouco mais desconfiadas, apenas. Precisamos mostrar que o errado é o bandido. Esse sim é que deve ser punido e retirado do convívio social”, conclui.
Caixa
A reportagem buscou também a opinião da gerência da Caixa Econômica Federal, instituição que concentra vários programas sociais do Governo Federal. A resposta veio através de uma nota da Comunicação Institucional, seguida de um guia sobre os principais golpes aplicados e recomendações de prevenção.
A referida nota destaca que a Caixa, junto com outros órgãos de governo, Polícia Federal e as próprias lojas de aplicativos, monitoram e atuam continuamente para bloquear e desativar serviços falsos. “Sempre que detectada suspeita de crime, a PF é acionada e recebe todas as informações para as investigações e intervenções necessárias”, reporta a assessoria do banco.
Ainda, ressalta que mais orientações de segurança podem ser encontradas no site da Caixa (http://www.caixa.gov.br/seguranca/Paginas/default.aspx) e em suas agências com o objetivo de alertar seus clientes quanto a golpes, seja por e-mails spam, sites falsos ou por telefone.

Alguns dos principais golpes e recomendações:
FALSO LINK
Como funciona: Os golpistas enviam mensagens com links solicitando atualização de dados, dentre outros. A CAIXA não envia links por e-mail, SMS ou WhatsApp. Se você receber mensagens desse tipo, desconfie. Os links podem conter vírus ou outras ameaças que irão contaminar o seu computador ou celular com objetivo de roubar suas informações pessoais e/ou bancárias.
Como prevenir: não clique nos links enviados em nome da CAIXA por e-mail, SMS ou WhatsApp. Faça sua denúncia enviando uma mensagem para abuse@caixa.gov.br
TROCA DE CARTÃO
Como funciona: O golpista oferece ajuda para a vítima no autoatendimento, geralmente quando a agência está fechada. Muitas vezes, ele está bem vestido, com uniforme do banco ou crachá. Quando a vítima entrega o cartão, rapidamente ele troca o cartão, diz que não tem mais problema algum e vai embora.
Quando a vítima percebe que o cartão foi trocado, vai até o banco ou consulta o aplicativo pelo celular, já é tarde demais e valores foram sacados ou transferidos da sua conta.
Como prevenir: Quando a agência estiver fechada não aceite ajuda de terceiros. Sempre que houver necessidade, peça ajuda para algum empregado da agência.
GOLPE DO MOTOBOY
Como funciona: A vítima recebe uma ligação telefônica de uma pessoa que se passa por um funcionário da Caixa. Ela diz que o cartão da pessoa foi clonado e que é necessário bloqueá-lo. Com a negativa da vítima, o golpista pede que ela desligue e ligue para o 0800 que consta no verso do cartão, mas ele não desliga o telefone e continua segurando a ligação. A vítima disca o número e o golpista coloca uma gravação simulando ser da Caixa. Assim, a vítima fornece seus dados pessoais.
O golpista solicita dados da vítima, inclusive a senha, e recomenda que o cartão seja cortado ao meio. Na sequência, é dito que um motoboy será enviado até o endereço para recolher o cartão e fazer outras análises para o cancelamento de compras irregulares. O detalhe é que ao cortar o cartão ao meio, o chip não é danificado. Então, com senha e chip disponível, os golpistas conseguem fazer as compras que quiserem.
Como prevenir:
Caso você desconfie de alguma ligação vinda da Caixa, desligue o telefone, procure o seu gerente na agência ou retorne para a Central de Atendimento Cartões Caixa, ligando de outro número de telefone ou, preferencialmente, 5 minutos após a ligação suspeita.
Os números de telefone podem ser encontrados no site da CAIXA ou no verso do seu cartão. A CAIXA não recolhe cartões bancários do cliente, mesmo que inutilizados. Também não pede que o cliente digite ou informe senhas. Caso precise jogar fora um cartão, destrua-o completamente, cortando seu chip ao meio, e nunca o entregue a ninguém.