Em entrevista exclusiva ao CONTEXTO, o deputado federal Rubens Otoni, que é o coordenador da campanha do pré-candidato do PT, Antônio Gomide, à Prefeitura de Anápolis, relata a sua visão sobre o cenário das eleições desse ano.
Claudius Brito
Vander Lúcio Barbosa
– Deputado, recentemente, o senhor anunciou nas redes sociais a operacionalização da Ferrovia Norte-Sul do Maranhão até Porto Santos. Como que está essa questão em relação trecho aqui de Anápolis?
RUBENS OTONI- A Ferrovia Norte-Sul é um orgulho para todos nós. Eu, de maneira especial, fico emocionado. Emocionado de vê-la funcionando agora na sua totalidade, porque ela essa obra, em Goiás, se iniciou em 2004, no início do primeiro governo do presidente Lula. E eu estava lá como deputado federal e participei ativamente das discussões na Valec para que essa obra fosse iniciada. A Ferrovia Norte-Sul é motivo de orgulho.
Iniciada em 2004, sua conclusão é um marco, ligando Anápolis ao Porto de Itaqui. Após atrasos sob governos posteriores, a retomada pelo presidente Lula permitiu sua conclusão. Agora, funcional, conecta o Norte ao Sul, beneficiando Anápolis com acesso ao Porto de Santos.
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Essa integração fortalece a cidade no comércio internacional, trazendo oportunidades de exportação e importação. Sua realização não apenas estabelece a ferrovia, mas também eleva o valor de Anápolis, garantindo-lhe uma posição estratégica internacional.
– Como o Novo PAC do Governo Federal incluiu cinco projetos de saúde em Anápolis, qual a sua opinião sobre essa iniciativa e seus possíveis impactos na comunidade local?
RUBENS OTONI- projetos municipais, como unidades de saúde e creches, anteriormente focados em obras estratégicas. Promovendo essa participação como deputado federal em Goiás, incentivamos Anápolis a buscar recursos do PAC para projetos comunitários, refletindo um compromisso apartidário com o bem-estar da população.
Essa abordagem descentralizada do PAC destaca a importância de atender às necessidades locais, fortalecendo a infraestrutura e serviços essenciais em todo o país.
– Deputado, suas reuniões com diferentes setores de Anápolis para discutir e buscar soluções para questões como desenvolvimento econômico, infraestrutura e outros desafios locais têm gerado resultados tangíveis?
RUBENS OTONI – O desafio futuro é revitalizar Anápolis politicamente, economicamente e socialmente. Perdemos posição em arrecadação e influência estadual e nacional.
Para recuperar, precisamos de uma visão estratégica de longo prazo, motivando setores empresariais e sociedade civil a pensar na cidade a longo prazo. Isso envolve prepará-la logisticamente para competir e atrair investimentos de outros estados e países.
Estamos trabalhando com lideranças governamentais e em Brasília para sensibilizar Anápolis sobre a importância desse planejamento logístico para o desenvolvimento de Anápolis, de maneira estratégica, para os próximos 10, 20, 30 anos. Não podemos prensar somente na cidade de hoje.
– O senhor está na coordenação da pré-campanha do deputado estadual Antônio Gomide à Prefeitura de Anápolis. Como está o trabalho nesse momento?
RUBENS OTONI- Nós temos feito um trabalho muito criterioso; um trabalho muito responsável, discreto. Desde fevereiro passado, a pré-candidatura de Antônio Gomide à prefeitura de Anápolis tem sido construída com base no diálogo com a comunidade e lideranças locais.
Hoje, ela está consolidada como uma escolha coletiva, não apenas do PT ou de Gomide. Representa todos que desejam o bem da cidade e seu progresso. Gomide é visto como um nome confiável, comprovado por sua gestão anterior bem avaliada.
Anápolis necessita dessa segurança de um líder capaz de restaurar sua importância política, econômica e social. Estamos em um momento positivo e avançando continuamente.
– Já foi antecipado que haverá um ato político para o lançamento da pré-candidatura. Como está essa programação?
RUBENS OTONI- No dia 8 de junho nós fazemos uma apresentação inicial, digamos, assim, um pré-lançamento da campanha, onde nós já queremos apresentar à sociedade anapolina a visão que nós temos para essas eleições, que é uma visão de somar forças.
Uma visão de incorporar todas as contribuições possíveis e de todos os segmentos, independentemente de partido político. Nossa preocupação não é uma preocupação partidária, é uma preocupação com o bem da cidade.
Queremos fazer essa apresentação inicial para que Anápolis saiba da nossa intenção, do nosso desejo sincero de servir a nossa cidade e de dar a ela a sua importância.
– Neste pré-lançamento, já pode ocorrer o anúncio do nome que poderá compor a vice na chapa majoritária do PT ou vai ficar para as convenções?
RUBENS OTONI- Queremos adiantar: o PT já escolheu Antônio Gomide como candidato a prefeito. O vice virá de setores estratégicos, escolhido pelos partidos aliados para contribuir na gestão. Não será indicado pelo PT.
A discussão com vários partidos está em andamento, buscando definir o vice o quanto antes. O PT não fará essa escolha. Esta responsabilidade será dos partidos aliados.
– Pode ser dentro ou fora da federação do partido?
RUBENS OTONI- Claro, nós queremos que seja fora da Federação e que seja de partidos que é manifestem o seu apoiamento à candidatura de Antônio Gomide, pensando nessa visão mais ampla, de pensar a cidade como um todo e trazer segmentos importantes para poder incorporar sugestões, incorporar experiências, capacidade e competência para podermos fazer a gestão do nosso município.
– O Partido dos Trabalhadores tem conversado com quais outros partidos? Como vocês têm alargado a essas conversações, esses entendimentos?
RUBENS OTONI- Sim, temos, além dos partidos naturais que nós temos o diálogo natural na Federação, o PV e o PC. Às vezes as pessoas falam que o PT está sozinho. Não está. De início já temos três partidos e temos um diálogo muito aberto com o PSOL, com a Rede.
Também temos um diálogo bem avançado com o senador Vanderlan, que coordena o PSD no Estado de Goiás. E temos uma conversa em nível nacional também com PSD e o PDT que são aliados naturais do Governo Federal, além do Solidariedade, que é um partido também que está na base do governo.
Então, só de início, além do PT nós temos o PC do B e o PV, um diálogo com o PSOL, com a Rede, e avançando um diálogo com o PSD, o PSB e o Solidariedade, independente das diferenças políticas que podemos ter aqui.
– Embora a campanha esteja distante, qual será a estratégia do PT para se conectar efetivamente com a população quando o momento chegar?
RUBENS OTONI- Nossa experiência política e duas administrações bem-sucedidas em Anápolis mostram que o diálogo com a população é essencial. Não é só barulho que ganha eleições ou governa efetivamente.
Temos facilidade em dialogar, as pessoas se sentem à vontade para nos abordar com opiniões e ideias, algo que talvez não aconteça com outros políticos. Essa abertura para o diálogo é um diferencial crucial em nossa campanha, envolvendo desde líderes políticos e comunitários até pessoas simples da periferia.
Enquanto alguns fazem barulho, nós trabalhamos de forma discreta, humilde, mas eficaz, conquistando a confiança da população desde o início do ano passado.

– O apoio recente ao pré-candidato do PT, Antônio Gomide, vindo do presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Bruno Peixoto, que é identificado com a direita política, sugere uma mudança de paradigma ou uma resposta ao comportamento moderno do Partido dos Trabalhadores? É um sinal de tempos políticos diferentes?
RUBENS OTONI- O presidente da Assembleia, Bruno Peixoto, está aberto ao diálogo com diversos partidos, contribuindo com sugestões para o plano de governo e buscando apoios. O senador Vanderlan Cardoso também demonstra interesse em colaborar, como parte da base do presidente Lula em Brasília.
Isso reflete uma capacidade de diálogo e abertura para novas alianças. Buscamos ampliar esse diálogo com outras lideranças, embora não as mencione aqui por respeito às negociações em curso.
O esforço pessoal do nosso pré-candidato Antônio Gomide é dialogar e buscar apoios em diversos segmentos da sociedade.
– Como o senhor analisa o cenário eleitoral em Anápolis, com 12 pré-candidatos buscando a prefeitura, mas esperando-se que esse número se reduza?
RUBENS OTONI- Não tem eleição fácil. E eu costumo dizer que o caminho mais curto para você perder uma eleição é você achar que está ganha, que está fácil. Estamos conscientes de que a eleição é uma disputa acirrada, sem subestimar nenhum adversário.
Trabalhamos com dedicação e respeito por todas as lideranças concorrentes. Avançamos através do diálogo e da apresentação de nossas propostas. Após mais de um ano de trabalho, estamos bem posicionados. Utilizamos pesquisas como ferramenta crucial para orientar nossa estratégia. Tanto as quantitativas quanto as qualitativas indicam que estamos no caminho certo.
Enquanto isso, a falta de entendimento e união entre nossos oponentes fortalece nossa posição, dividindo o campo adversário.
– Como o senhor enxerga a possibilidade de um conflito ideológico mais intenso entre esquerda e direita nesta eleição municipal, similar ao observado nas eleições presidenciais?
RUBENS OTONI- Muitos apostam e desejariam um conflito ideológico, mas isso desvia o foco do serviço público e da cooperação para o crescimento municipal. Disputas puramente ideológicas não promovem entendimento nem progresso, apenas dividem e prejudicam a cidade.
Na dinâmica das eleições municipais, a população quer soluções concretas para sua cidade. Enquanto alguns insistem em debates ideológicos e polarização, buscamos agregar e focar no que podemos concordar. Acredito que essa abordagem ressoa com a população, mostrando que propostas concretas são mais importantes do que divisões partidárias.
Eu posso ter uma discordância com você em 20% das ideias, mas se eu tenho concordância em 80%, então, vamos trabalhar os 80% que nós temos de concordância. Qual o problema?
– Como o PT está se preparando para a disputa proporcional nas próximas eleições municipais, considerando as duas cadeiras conquistadas na Câmara na última eleição?
RUBENS OTONI- Na última eleição, apesar do cenário desfavorável, o PT conquistou duas cadeiras na Câmara Municipal. Agora, com um cenário mais favorável, estamos montando uma chapa mais robusta, inclusive com apoio de partidos como PV e PC do B.
Nosso objetivo é dobrar nossa representação na Câmara, e estamos trabalhando para isso, preparando nomes até as convenções para fortalecer nossa chapa.
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