VERSÃO FLIP
sexta-feira, 27 de junho, 2025
  • Entrar
  • Registrar
Contexto
Nenhum Resultado
Ver Todos os Resultados
Contexto
sexta-feira, 27 de junho, 2025
Contexto

Setor Daiana é tema de dissertação em mestrado acadêmico na Universidade Estadual de Goiás

de Nilton Pereira
27 de junho de 2025
em Anápolis
Reading Time: 5 mins read
0 0
A A
0
Pesquisa revela que os moradores dependem da cidade vizinha para serviços essenciais, devido à falta de infraestrutura do município responsável. Imagem: Reprodução

Pesquisa revela que os moradores dependem da cidade vizinha para serviços essenciais, devido à falta de infraestrutura do município responsável. Imagem: Reprodução

A região, às vezes, chega a ser denominada, pejorativamente, de “nem-nem”, ou seja, não seria nem de Silvânia, nem de Anápolis, uma situação que perdura por, pelo menos, quatro décadas.

O Loteamento Setor Daiana, uma faixa de terras que faz parte do município de Silvânia, mas cujos moradores têm vida ativa praticamente ligada a Anápolis, região contígua ao Distrito Agro Industrial (DAIA) tem sido, ao longo de décadas, objeto de discussões político/administrativas, devido, principalmente, à definição de que município teria responsabilidades socioeconômicas sobre ele, principalmente, de que prefeitura (Anápolis, ou Silvânia) devem ser cobradas tais assistências. O assunto esbarra na competência legal, pois, de um lado, entende-se que por ser área de Silvânia, seria aquele município o responsável por “cuidar” do Setor Daiana. De outro lado, argumenta-se que os moradores do referido loteamento, em grande parte, trabalham em Anápolis, têm seus filhos matriculados na rede municipal anapolina, desfrutam dos serviços básicos (saúde, segurança, etc.) de Anápolis, embora seus domicílios sejam, oficialmente, registrados no município limítrofe. A discussão sobre este tema nunca fora novidade nos últimos anos. Mas, recentemente, surgiu um fato novo. Dois anapolinos se propuseram a apresentar uma dissertação acadêmica, em um mestrado na Universidade Estadual de Goiás (UEG) justamente sobre o assunto. Rubens Arcelino Feliciano Júnior, mestre em Ciências Socioeconômicas pela Universidade Estadual de Goiás, especialista em LGPD-ESA; Bacharel em Direito pela Faculdade Evangélica Raízes e licenciado em Letras, pela Universidade Federal de Goiás e Fernando Lobo Lemes, Pós-Doutor em História pela Université de la Sorbonne Nouvelle – Paris 3 (École Doctorale 122), associada ao Centre de Recherche et de Documentation sur les Amériques; Professor no Programa de Pós-Graduação em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado da Universidade Estadual de Goiás.

As poucas ruas do Daiana contam com infraestrutura limitada. Imagem: Reprodução

A dissertação

No artigo, analisa-se “a exclusão territorial e a omissão estatal na consolidação urbana do Setor Daiana, situado em Silvânia-GO, fronteiriço à cidade de Anápolis, entre 1980 e 2024”. A hipótese central sustenta que a ausência de políticas públicas e infraestrutura básica naquele território, evidencia um estado de exceção permanente, conforme os marcos teóricos de Giorgio Agamben, em que o poder público suspende, de fato, a aplicação da ordem constitucional para grupos específicos.

A pesquisa adota metodologia qualitativa, com levantamento bibliográfico, documental e empírico e articula teorias do território, da conurbação (termo para a conjunção de duas áreas urbanas de municípios diferentes) e do Direito Administrativo. O estudo demonstra, ainda, que, embora o setor tenha origem regular, seu abandono institucional consolidou uma cidadania fragmentada. Discute-se o marco legal da regularização fundiária, com base na Lei nº 13.465/2017, propondo-se alternativas viáveis de superação da inércia administrativa. A análise evidencia que a omissão do Estado em áreas de fronteira urbana aprofunda desigualdades e exige respostas interinstitucionais para se garantir o direito à cidadania e à dignidade.

Os autores da dissertação alegam que “o Setor Daiana permanece, há mais de quatro décadas, sem infraestrutura urbana, serviços públicos essenciais e reconhecimento territorial efetivo. Rubens Júnior e Fernando Lemes alegam que “o objetivo geral do trabalho é analisar os fundamentos jurídicos e territoriais que explicam a exclusão do Setor Daiana, além de propor alternativas legais para sua regularização. Como objetivos específicos, pretende-se: reconstruir o processo histórico e político de formação do setor, identificarem-se as práticas omissivas do poder público e discutirem-se os instrumentos jurídicos viáveis para a sua efetiva consolidação.

Setor está localizado em área territorial de Silvânia, mas muitos serviços dependem de Anápolis. Imgem: Reprodução

Histórico

O Setor Daiana foi lançado, oficialmente, no final da década de 70 por iniciativa privada, com aprovação registral e projetos urbanísticos elaborados, com vistas à moradia para trabalhadores do Distrito Agro Industrial de Anápolis (DAIA). Contudo, após sua ocupação inicial, o loteamento foi ignorado pelo município de Silvânia que não ofereceu, dentre outros benefícios urbanos, rede de esgoto, água tratada, pavimentação, coleta de lixo, transporte escolar ou unidades de saúde por décadas. A situação é agravada pela conurbação com Anápolis: os moradores dependem funcionalmente dessa cidade, o que reforça a desconexão institucional com o município de origem. A inexistência de ações coordenadas entre os entes federativos evidencia um “vazio de governança” e configura, não apenas, uma falha administrativa, mas, a supressão do próprio princípio republicano, positivado na Constituição Federal de 1988, da Dignidade da Pessoa Humana. Nesse território, a ordem jurídica formal está em vigor, mas, sua eficácia é anulada por práticas administrativas omissivas. O fornecimento ocasional de serviços básicos, como iluminação parcial ou atendimento médico esporádico, apenas, reforça a lógica da exceção. A ausência de cobrança de tributos (como IPTU/ITU), a não inclusão em programas habitacionais e o uso indevido de CEPs de Anápolis por moradores para receberem correspondências, confirmam esse processo de exclusão institucionalizada.

Nas considerações finais, os autores alegam que “o Setor Daiana revela como o território pode ser juridicamente regulado, mas, socialmente abandonado. A combinação entre inação do poder público, omissão institucional e ausência de mecanismos efetivos de governança, torna o setor exemplo claro de cidadania negada. O estado de exceção contemporâneo não é mais apenas o da suspensão de garantias por decreto, mas aquele que se perpetua na omissão cotidiana, seletiva e funcional. A superação desse quadro exige o fortalecimento de políticas públicas integradas, mecanismos de pressão comunitária e atuação do sistema de justiça. A regularização fundiária é etapa necessária, mas, não suficiente. “Ela deve vir acompanhada da efetiva prestação de serviços, garantia de infraestrutura e reconhecimento pleno da dignidade dos moradores como sujeitos de direito”, diz o texto.

Junte-se aos grupos de WhatsApp do Portal CONTEXTO e fique por dentro das principais notícias de Anápolis e região. Clique aqui.

Rótulos: anápoliscapaDaianadestaquegoiásPortal Contexto

Mais Artigos

Imagem aéera da cidade de Anápolis. Foto: Paulo de Tarso

Plano Diretor deve ser revisado para estruturar crescimento de Anápolis na próxima década

de Claudius Brito
27 de junho de 2025
0

O texto atual do Plano Diretor está completando nove anos e deve passar por adequação até completar 10 anos de...

Foto: Bruna Ariadne

Justiça nega pedido de rescisão em ação contra condomínio em Anápolis

de José Aurélio Mendes
27 de junho de 2025
0

A decisão confirmou a regularidade da entrega do empreendimento e reafirmou a validade das cláusulas contratuais A 3ª Vara Cível...

Fotos Leidiana Batista

Anápolis já conta com mais de 55 mil empresas ativas. 6 mil novas este ano

de Claudius Brito
27 de junho de 2025
0

Dados do painel da Redesin, apurados pelo CONTEXTO, revelam que o município é o terceiro em Goiás com maior número,...

Carregar Mais

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Eu aceito as Políticas de Privacidade e Uso.

As mais lidas da semana

  • Fábrica da multinacional Kingspan Isoeste em Anápolis. Foto: Reprodução

    Isoeste inaugura sua maior fábrica na América Latina no Paraguai

    0 compartilhamentos
    Compartilhar 0 Twitter 0
  • Médico e empresário Paulo Augusto Sousa morre aos 74 anos 

    0 compartilhamentos
    Compartilhar 0 Twitter 0
  • Somos do bem

    0 compartilhamentos
    Compartilhar 0 Twitter 0
  • Brasileira é encontrada sem vida após cair durante trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia

    0 compartilhamentos
    Compartilhar 0 Twitter 0
  • Caminhada “Eu sou da Paz” mobiliza Anápolis nesta terça-feira, 24

    0 compartilhamentos
    Compartilhar 0 Twitter 0
Contexto

Jornal Contexto de Anápolis. Todos os direitos reservados © 2019 Feito com Pyqui

Institucional

  • Quem Somos
  • Anuncie Conosco
  • Contato

Siga-nos

Seja bem-vindo(a)!

Entre em sua conta abaixo

Esqueceu sua senha? Registrar-se

Crie sua conta :)

Preencha o formulário para se registrar

*Ao se registrar em nosso site você aceita as nossas Políticas de Privacidade e Uso.
Todos os campos são obrigatórios Entrar

Recupere sua senha

Por favor insira seu Usuário ou Email para recuperar a sua senha

Entrar
  • Entrar
  • Registrar-se
  • Anápolis
  • Política
  • Economia
  • Segurança
  • Saúde
  • Educação
  • Emprego
  • Esportes
  • Entretenimento
  • Gastronomia
  • Mulher
  • Geral
  • Opinião
  • Versão Flip
  • Anuncie Conosco
  • Quem Somos
  • Contato
  • Políticas de Privacidade e Uso
Nenhum Resultado
Ver Todos os Resultados

Jornal Contexto de Anápolis. Todos os direitos reservados © 2019 Feito com Pyqui