De acordo com o direror de operações do Porto Seco de Anápolis, Everaldo Fiatkoski, a mobilização começou na semana passada, coordenada pelo Ministério de Portos e Aeroportos, que entrou em contato com vários parceiros da cadeia logística e teve um atendimento imediato. No sábado pela manhã, já havia seis contêineres sendo carregados na base aérea de Brasília e mais um contêiner sendo carregado na base aérea de Anápolis. No domingo, saiu a primeira composição ferroviária com destino a Cubatão, em São Paulo.
Segundo ele, a operação multimodal é importantíssima porque tem uma eficiência trazida pelo envio das cargas com um custo significativamente menor de acordo com a necessidade da população. Apenas no Porto Seco são aproximadamente 20 pessoas envolvidas, porque é necessário tanto a movimentação de cargas paletizadas quanto cargas soltas, que vai desde pequenas doações, sacarias, pequenos fardos e faz com que haja uma grande demanda de pessoas. “Além disso, nas bases aéreas, tanto de Brasília quanto de Anápolis, são centenas de pessoas mobilizadas no recebimento, na separação das cargas, das doações e também na estufagem posterior dessas cargas em contêineres ou em caminhões que vão ser encaminhados para o Porto Seco”, explica Everaldo.
Setor privado
Fiatkoski coloca que, embora a coordenação do projeto esteja sendo feita pelo Ministério de Portos e Aeroportos em conjunto com o estado maior conjunto das forças armadas, o papel das empresas particulares de transporte é crucial para fazer as pontas rodoviárias. É aí que entram as empresas como a RG Log e a Kaizen Logística, o Porto Seco que faz o recebimento, estocagem, movimentação dos contêineres para os trens, a Brado Logística que faz o transporte até Cubatão, transportadoras locais que mandam a carga para o Porto Santos Brasil e de lá segue pela Aliança Mersk por navio até o Porto do Rio Grande. “E lá ainda existe um esforço também para distribuição dessas cargas por empresas locais, cada um oferecendo de bom grado, sem custo, toda essa operação, para que a carga chegue a quem precisa”, pontua.
O Porto Seco tem a integração direta com a base aérea de Anápolis e de Brasília e a coordenação é realizada para atendimento da quantidade de contêineres disponíveis, a capacidade de carregamento de cada uma das bases, a capacidade de transporte até o Porto Seco. “Além disso, existe uma relação direta para recebimento de cargas com volumes maiores que chegam dos mais diversos lugares do Centro-Oeste e que, ao invés de serem descarregados na base aérea, chegam direto no Porto Seco e o próprio Porto Seco faz o carregamento delas em contêineres”, detalha o diretor.
Continuidade
A ajuda prevista inicialmente é de 45 contêineres. Mas não há um prazo definido para conclusão. As doações continuam chegando. “Estamos atentos à necessidade dos envolvidos”, afirma Everaldo, que também é natural do Rio Grande do Sul, embora tenha vivido em Goiás desde a infância. “Tenho familiares e amigos lá e sei as dificuldades que estão enfrentando”.
O diretor explica ainda que as pessoas que desejam continuar fazendo as doações devem se atentar que são para pessoas precisando de apoio. A doação não é um descarte. Por isso é importante organizá-las ainda em casa. “No caso de roupas identificadar sexo, idade, para facilitar a distribuição, tudo lavado, limpo, porque é muito mais fácil fazer isso aqui do que lá, num local onde falta água, falta energia. Entregar os pares de sapatos sempre amarrados pelos cadarços para evitar a perda de unidades. Verificar sempre a data de validade de alimentos não perecíveis também crucial”, informa.
Fiatkoski se diz orgulhoso do trabalho realizado pelo Porto Seco numa tarefa tão importante. Nós entendemos que fazemos parte de um complexo sistema de infraestrutura brasileiro, que permite o escoamento de cargas de grande volume a um preço extremamente competitivo. Nesse momento, como podemos ajudar, para nós é um orgulho trazer um pouco de conforto e mesmo ajudar na sobrevivência das pessoas que estão enfrentando esse desafio no Rio Grande do Sul”, conclui.