No dia 27 de março de 1973, foi realizado o primeiro voo do F-103 Mirage no Brasil, dando início às atividades da 1ª. Ala de Defesa Aérea (ALADA), fato que marcou o ingresso Força Aérea Brasileira na era supersônica. Os caças F-103 franceses da Marcel Dassault voaram até 2005 e, no ano seguinte, a frota foi renovada com a vinda de uma nova geração, o Mirage 2000, que, agora, encerrará o seu ciclo, segundo confirmação feita pelo comandante da Base Aérea de Anápolis, Coronel Aviador Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Júnior, na última quarta-feira, 31, durante o desfile cívico-militar em comemoração ao aniversário de 106 anos de emancipação do Município. Segundo ele, ainda não há uma confirmação oficial da Aeronáutica sobre o sucessor do Mirage 2000, que será aposentado no mês de dezembro.
Questionado acerca de um artigo assinado pelo especialista Carlos Lorch, e publicado na edição de número 82 da revista Força Aérea (especializada em aviação militar), que levantou a possibilidade de fechamento da BAAN (repercutida através da coluna Contexto Político), o comandante ressaltou que não procede a informação e, inclusive, anunciou que a unidade estará recebendo, em breve, um núcleo estratégico de bateria de artilharia antiaérea, reforçando a sua atribuição de defesa do espaço aéreo do Centro-Oeste brasileiro. Essa nova unidade, deverá, inicialmente, absorver pelo menos mais 70 militares no seu contingente.
O Coronel Aviador Sérgio Bastos lembrou que desde os anos 70, quando foi implantada, a Base Aérea de Anápolis sempre cultivou uma boa parceria com a comunidade e, hoje, considerada uma das mais importantes unidades operacionais da Força Aérea Brasileira, a BAAN conta com mais de 1,4 mil militares e abriga, além do 1º GDA (Grupo de Defesa Aérea), responsável pelas operações dos aviões Mirage, o 2º/6º GAV, também chamado de Esquadrão Guardião, que abriga as avançadas aeronaves E-99 e R-99, do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), que foram incorporadas à BAAN em julho de 2002.
A história
O primeiro Mirage brasileiro voou em 06 de março de 1972, em Bordeaux-França, já ostentando o cocar (emblema) da Força Aérea Brasileira. Em 23 de maio de 1972, embarcaram para a Base Aérea de Djon, França, oito pilotos brasileiros para treinamento nas aeronaves então adquiridas pelo País, para missões de defesa aérea. Esses pilotos pioneiros ficaram conhecidos como os Djon Boys. Eram eles: Cel. Aviador Antonio Henrique Alves dos Santos; Ten. Cel. Av. Jorge Frederico Bins; Ten. Cel. Av. Ivan Moacyr da Frota; Mj. Av. Ronald Eduardo Jaeckel; Mj. Av. Ivan Von Trompowski Douat Taulois; Mj. Av. Lúcio Starling de Carvalho; Mj. Av. Thomas Anthony Blower e o Cap. Av. José Isaías Vilaça.
Para abrigar os aviões de caça supersônicos Mirage da Marcel Dassault, a Força Aérea decidiu pela construção da Base Aérea em Anápolis, a 130 quilômetros de Brasília, a Capital Federal. O Núcleo da 1ª. Ala de Defesa Aérea foi ativado em 30 de outubro de 1972, em solenidade que contou com a presença de vários oficiais da Força Aérea, do então Governador Leonino Caiado e do então Prefeito Henrique Santillo. Em 11 de abril de 1979, foi criado por meio do Decreto Presidencial Reservado nº 04, o 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA), oriundo da 1ª. ALADA.
O primeiro Mirage chegou ao País, a bordo de um avião C-130, que pousou na BAAN no dia 1º de outubro de 1972. O primeiro voo no Brasil foi realizado no dia 27 de março de 1973 por Pierre Varraut, piloto de provas da Marcel Dassault. O primeiro voo militar foi realizado sobre a Capital Federal em 06 de abril de 1973, com seis aeronaves em formação, liderada pelo Jaguar 01, Cel. Av. Antonio Henrique.
Os caças, além de atuarem em diversas missões militares, também protagonizaram alguns momentos importantes, como o voo no F-103 do piloto de Fórmula Um, Ayrton Senna, que havia conquistado o seu primeiro título mundial e obteve autorização para voar na aeronave, no dia 29 de abril de 1989. Outro que voou de Mirage foi o, então, Presidente Fernando Collor de Mello. Além desses, convidados da FAB, também, puderam experimentar a velocidade supersônica, como alguns repórteres de televisão, um religioso (o, então, capelão da Base, Aloísio Catão Torquato) e vários outros, ao longo de muitos anos. Em 1994, um Mirage e um F-5 escoltaram o DC-10 da Varig que trouxe a Seleção Brasileira campeã no mundial de 1994.