Ao usar o plenário durante a sessão da última quarta-feira, 11, o vereador Assef Nabem, do PMDB, “incendiou” o parlamento municipal quando abordou suposto pagamento de propina para a adição de emendas ao projeto do Executivo redefinindo o perímetro urbano de Anápolis. “Não estou fazendo nenhuma acusação, nem cobrando nada de ninguém. Apenas estou me posicionado, de público, afirmando que não admito meu nome em comentários como esses. Não recebi nenhum tostão, nunca recebi e nunca vou receber dinheiro para aprovar ou rejeitar qualquer proposta aqui nesta Casa”, disse o parlamentar peemedebista.
Esse pronunciamento nasceu, segundo Nabem, de insinuações que ele teria ouvido em diferentes pontos da Cidade, dando conta de que vereadores anapolinos teriam recebido dinheiro de empresários ligados ao setor imobiliário, a fim de adicionarem emendas que, direta, ou indiretamente, beneficiem empresas ou grupos ligados a esse setor. Segundo o vereador, compete às autoridades constituídas verificarem se existe qualquer indício de que isto tenha ocorrido e que as providências sejam tomadas por quem de direito. De acordo com os comentários, haveria até valores (entre R$ 8 e R$ 10 mil) para cada vereador que votasse a favor dos supostos empresários. Nabem, entretanto disse não ter nomes, nem de vereador, nem de empresário ou de empresa. “São comentários que ouvi nas ruas, nas rodas de conversações, e nos shoppings, por onde andei. Senti-me ofendido, pois sou vereador e me posicionei afirmando que se houve, e, até acredito que não houve, estou fora. Aqui na Câmara tem muita gente honesta, gente decente. O povo de Anápolis renovou em mais de 50 por cento o quantitativo de vereadores, justamente porque desejava mudança. Assim sendo, não podemos ver nossos nomes na lama através de comentários como esses”, justificou.
Presidência exige posicionamento de Nabem
Diante desse quadro, o vereador peemedebista disse que está abrindo mão dos sigilos bancário e telefônico, assim como de seus familiares e assessores para que, caso a justiça deseje, faça uma investigação. O mesmo procedimento teria sido adotado pelo vereador Carlos Antônio (PSC) que, ainda sugeriu que fossem apontados nomes. Mas, Assef Nabem declarou que não compete a ele tomar tal atitude. “Estou, apenas, me defendendo. Quem quiser que faça o mesmo. O que pretendo com isso é afirmar ao povo de Anápolis que não admito insinuações desse tipo”, assegurou.
Por seu lado, o vereador Sírio Miguel Rosa (PSB), Presidente da Câmara, que não se achava presente quando do pronunciamento de Assef Nabem, por estar, acompanhado do vereador Mauro Severiano (PDT) na resolução de uma questão particular, determinou que fosse feita uma cópia do pronunciamento (a Câmara tem sistema de áudio e vídeo) para avaliar, junto com a Procuradoria do Legislativo o teor das falas e, se for o caso, adotar as providências cabíveis.
O presidente da Câmara disse ao CONTEXTO que notificou o vereador Assef Nabem para que, se o mesmo tenha conhecimento de algum fato, de alguma denúncia ou possua prova de que tenha ocorrido qualquer tipo de favorecimento, para que o mesmo apresente num prazo de 72 horas. “A Câmara Municipal passa por um bom momento e o nosso interesse é esclarecer esse fato, porque se há algo a ser apurado, nós o faremos sem intenção alguma de proteger ou ser corporativista”, assinalou o vereador.
Sírio Miguel disse também que hoje a Câmara Municipal não conta ainda com uma corregedoria ou comissão de ética, para que possa acompanhar o caso. E que pelo menos um desses mecanismos será adotado com a revisão do Regimento Interno. “Mesmo assim, estamos tomando as providências para esclarecer os fatos, para ver que providências tomar, se for o caso. Mas não podemos deixar de dar uma resposta e estamos aberto para falar sobre o assunto com a imprensa a qualquer momento”, ressaltou.
O projeto em questão foi aprovado em sessão extraordinária, convocada pelo Prefeito Antônio Gomide, no pacote que cuidou, ainda, do aval da Prefeitura à operação financeira da Saneago, na contração de um empréstimo para obras em Anápolis. Segundo o projeto, mostrado em reportagem do CONTEXTO na edição 237, o objetivo é estabelecer novos limites da zona urbana do Município, contemplando as reservas ambientais e ecológicas, de acordo com exigências do Estatuto das Cidades e do próprio Ministério Público. Em tese, ele dificultaria a ampliação dos loteamentos já existentes, assim como dificultaria a aprovação de outros.
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