Por Vander Lúcio Barbosa
Que o Brasil “é um país sobre rodas” todo (ou quase todo) mundo sabe. Mais de 80 por cento de nossas riquezas são deslocados de um lugar para outro, nas carrocerias de pequenos, médios, grandes e gingantes caminhões pelas estradas nacionais. Desde a produção do agronegócio (vegetais e animais) até o que se produz nas indústrias de transformação e grandes fábricas, o escoamento é feito com caminhões.
Nosso transporte ferroviário é um arremedo, provavelmente, menor do que o existente nos anos 60. Da mesma forma, não temos transporte fluvial em quantidade e em qualidade para a competição com outros países. Nossa navegação de cabotagem, a navegação costeira, também, é insípida. Portanto, somos dependentes e, corremos o risco de sermos reféns dos caminhoneiros. Trata-se de uma laboriosa categoria, responsável direta pelo crescimento socioeconômico da Nação. Mas, que, também, tem seus limites.
Há três anos (maio de 2018), esta categoria já deu demonstrações de que, se quiser, faz o País parar. Literalmente. Em poucos dias, uma greve de caminhoneiros, que, nem foi global, provocou o maior estrago dos últimos tempos na economia brasileira. Assim sendo, não é conveniente testar a paciência dos profissionais do volante. Trata-se de uma categoria organizada e que tem consciência do que é capaz de fazer. Os caminhoneiros, hoje, constituem uma classe insubstituível. Eles transportam, praticamente, tudo. Se pararem, para, praticamente, tudo também.
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Mas, por que esta preocupação? Simplesmente porque a categoria está inquieta, se considerando diminuída em sua importância e subestimada por diferentes setores da sociedade, inclusive governos. Aliás, principalmente, governos. Agora mesmo, anunciou-se (mais) um reajuste no preço do óleo diesel, principal ingrediente para o caminhão rodar, acréscimo que vai bater, diretamente, no bolso de seu dono. Este, se não quiser ir à falência, vai ter de repassar o custo para a planilha de serviços.
Resultado? Transporte mais caro, mercadoria mais cara. Em resumo, mais peso no já combalido salário do trabalhador. Carestia, alta no custo de vida são sinônimos de insatisfação. Mas, isto, é o de menos. Pior será é se os caminhoneiros perderem a paciência e resolverem não esperar, mais, pelas promessas que são feitas a eles o tempo todo, principalmente em época de eleições.
E, é bom recordar que o problema dos caminhoneiros não reside, tão somente, no preço do óleo diesel. Outros componentes, tão importante quanto, também, têm tirado o sono da categoria. Valor aviltante do frete pago pelas transportadoras, preço de insumos como pneus; peças de reposição; pedágios em toda a malha viária nacional, tributos e outas despesas inevitáveis que ninguém nota, a não ser eles próprios. Portanto, já se ouve, aqui e acolá, o barulho dos tambores de guerra. Se vai ter guerra, ninguém sabe. Mas, o rufar dos tais é sinal evidente de que isto pode acontecer.