Especialista de Anápolis alerta para impactos e necessidade de diplomacia econômica ativa
A imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos acendeu um alerta em polos industriais estratégicos do país. E o Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA), em Goiás, está entre os mais afetados. A medida adotada pela Casa Branca representa um desafio direto à competitividade da indústria goiana, que tem forte vocação exportadora e depende de insumos e mercados internacionais.
Para o advogado tributarista Ademir Gomes, as tarifas norte-americanas podem provocar uma “desaceleração em cadeia” no DAIA e na economia regional. Segundo ele, o momento exige reação coordenada entre setor privado, governo estadual e União.
Inaugurado em 1976 e ampliado nos últimos anos com o projeto Daia 5.0, o Distrito Agroindustrial de Anápolis reúne mais de 200 indústrias dos setores farmacêutico, automotivo, logístico e alimentício. Além da produção local, o DAIA se destaca como ponto estratégico de distribuição nacional e exportação, por meio do Porto Seco e da Ferrovia Norte-Sul.
Com as tarifas de 10%, 25% e, mais recentemente, 50% impostas pelos EUA a partir de agosto, o cenário muda radicalmente. “Esses aumentos tornam os produtos brasileiros artificialmente mais caros e menos atraentes no mercado americano. Isso impacta diretamente empresas que já têm operações de exportação estabelecidas, ou que dependem de insumos importados para manter sua competitividade”, explica o tributarista Ademir Gomes.
O especialista destaca que mesmo indústrias que não exportam diretamente podem sentir os reflexos. “Cadeias produtivas são interligadas. Se uma empresa reduz produção por queda de demanda externa, fornecedores locais e empregos também são afetados”, pontua.
Consequências
A economia goiana, que vem se diversificando ao longo dos anos e registrando crescimento industrial acima da média nacional, pode sofrer uma retração localizada caso as tarifas se mantenham por muito tempo. Ademir Gomes reforça a importância de ações estratégicas: “Goiás precisa de uma diplomacia econômica mais atuante. A bancada federal, o Itamaraty e o Ministério da Indústria devem trabalhar juntos para incluir mais produtos goianos na lista de exceções tarifárias”.
Atualmente, cerca de 700 itens brasileiros foram isentados das novas tarifas, principalmente no setor aeronáutico, mas o especialista considera que isso ainda é insuficiente. “O setor farmoquímico de Anápolis, por exemplo, é de interesse global e poderia ser negociado como exceção estratégica. Mas isso exige articulação técnica e política”, argumenta.
Enquanto isso, ele recomenda que as empresas busquem diversificação de mercados e reavaliem custos logísticos. A América Latina e África representam oportunidades menos exploradas. “É hora de apostar em inovação e reestruturação interna para sobreviver a esse novo cenário comercial. Um especialista também poderia ajudar a reduzir custos do ponto de vista Tributário”.
As tarifas impostas pelos EUA não são apenas uma questão de comércio exterior, mas um risco real à sustentabilidade industrial de regiões como o DAIA. Para Ademir Gomes, a resposta precisa ser técnica, política e estratégica. “Se Goiás quiser manter o ritmo de crescimento, precisará defender seus interesses com inteligência e agilidade”, conclui.
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