Já percebeu sua mente vagando sem direção, desconectada das tarefas ou do ambiente? Ou mesmo desinteressada do que está acontecendo ao redor? Estar entediado incomoda e isso pode nos fazer buscar estímulos para termos vontade de realizar algo novamente.
O tédio é frequentemente descrito como uma sensação de vazio ou apatia e é causado pela repetição monótona de atividades. Quando uma pessoa faz a mesma coisa repetidamente, sem variação, a novidade e o interesse diminuem.
Ambientes ou situações com pouco estímulo mental ou físico – bem como a ausência de metas claras ou de um sentido de propósito – também podem provocar tédio. Pessoas sem objetivos podem se sentir desmotivadas e entediadas.
Por outro lado, ainda que pareça paradoxal, o excesso de estímulos também pode fazer o tédio vir à tona. Quando há excesso de informações, muitas atividades que não são relevantes ou que competem pela atenção, a mente pode ficar sobrecarregada e desinteressada.
Para fugir disso, enchemos nossa agenda de atividades, assistimos horas e horas de vídeos, maratonamos séries na tentiva de vencer a sensação de vazio. Parece uma boa solução, mas terapeutas contemporâneos têm questionado a quantidade de estímulos cerebrais que temos recebido.
Quem diria… De repente, o tédio começou a ser encorajado pela turma da autoajuda e por alguns mentores da neurociência. A importância dele ganhou valor em contraste com a hiperestimulação da vida moderna. Longe de ser um estado negativo a ser evitado, o tédio pode ser um catalisador essencial para a criatividade, a autorreflexão e o desenvolvimento pessoal. O tédio é o “espaço vazio” que permite que coisas novas surjam.
Quando estamos entediados, o cérebro procura maneiras de se engajar. Essa busca o obriga a criar conexões e a imaginar cenários que não seriam possíveis sob a distração constante. Muitas grandes ideias nascem da necessidade de preencher o tempo vazio e o tédio é o gatilho para o “ócio criativo”.
O tédio nos força a confrontar o nosso mundo interior, em vez de fugir para o exterior. O tédio é o momento em que a mente “limpa a caixa de entrada” emocional e nos leva a questionar: “O que eu realmente quero fazer?” e “O que é importante para mim?”. Essa autorreflexão é fundamental para definir metas autênticas em vez de seguir o fluxo imposto pela sociedade.
O tédio torna o trabalho e as atividades mais interessantes quando elas finalmente retornam. É como um “reset” que aguça nossa capacidade de focar quando o momento exige. Ao contrário da cultura de agitação e produtividade constante, o tédio é a pausa estratégica que permite à mente recarregar, refletir e, finalmente, inovar. Evitar o tédio a todo custo é, ironicamente, evitar a própria fonte de criatividade.
Neste sentido, fico pensando no conceito do Shabath judaico. O próprio Deus descansou no sétimo dia. Ele se cansou demais no processo de criar os mares, rios, sistemas, galáxias e animais? Não! Ele estava apenas tentando apontar para nossa própria realidade.
Ele, pedagógica e didaticamente, estava ensinando aos homens a beleza do descanso e da pausa. O homem, os animais e até mesmo a natureza precisam de descanso. Pausa para reflexão, devoção e silêncio.
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