O solapamento e o consequente afundamento de um trecho da Travessa Dona Sandita, ligando a Avenida Xavier de Almeida à Avenida Fayad Hanna, o que determinou a interdição do trânsito por vários dias, é, apenas, “uma ponta do iceberg” da situação caótica que se observa no sistema de drenagem de águas pluviais em Anápolis. Por sorte não ocorreu uma tragédia, pois o buraco que se formou caberia um veículo de grande porte, como ônibus, ou caminhão. Mais cedo, ou, mais tarde, de preferência mais cedo, as ruas da “cidade velha” terão de ser interditadas para a troca das redes de captação de águas pluviais, muitas delas datadas de mais de 60 anos. Grande parte da canalização ainda é composta por tubos de cerâmica vitrificada (manilhas), com diâmetro inadequado para o escoamento correto da água.
Esta é uma avaliação do Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano Sustentável, Clodoveu Reis Pereira. Ele, que é engenheiro de origem, diz que não há saída. “Para acabarmos com os dramas das enchentes e inundações na parte mais central de Anápolis é preciso que se troque toda a rede. E quanto mais cedo se fizer isto, melhor”, sentenciou. Clodoveu Reis Pereira disse que o afundamento de parte da Travessa Dona Sandita é um fato que vem se repetindo naquela região de Anápolis. Há alguns dias, o mesmo ocorreu na Rua Barão do Rio Branco (uma das mais movimentadas do centro), em sua parte baixa. No ano passado houve o mesmo problema na Rua Primeiro de Maio. “Todo o sistema está comprometido”, justifica o secretário.
A situação
O titular da Secretaria de Desenvolvimento Urbano assegura que tem conhecimento dos problemas que seriam causados com a interdição de ruas como a General Joaquim Inácio; Engenheiro Portella; 15 de Dezembro; Sete de Setembro; Manoel D‘Abadia e Primeiro de Maio, além da Rua Barão do Rio Branco e a Avenida Goiás. “Seriam vários dias de dificuldades com o trânsito; o movimento comercial o deslocamento de pessoas e veículos. Mas, não tem outra saída. Ou se faz isso, ou a Cidade vai sofrer, para sempre, com o problema”, alegou. Clodoveu Reis admite, ainda, um projeto dessa envergadura absorveria grandes somas em recursos financeiros e que, no momento, não há verbas para isso. “Mas, os próximos prefeitos vão ter de encarar esta realidade”, admitiu.
Outra agravante desta situação elencada pelo Secretário, diz respeito à deseducação ambiental existente em Anápolis e na maioria dos municípios brasileiros. “Toneladas e mais toneladas de papel; vidro; madeira; plástico, metais e outros componentes são jogadas, todos os dias, nas ruas. O que não é varrido e coletado pelos caminhões do serviço de limpeza urbana, vai para a canalização de águas pluviais, entupindo-a. Com isso, o escoamento fica prejudicado e quem sofre é a população que vê casas e estabelecimentos comerciais invadidos pelas enxurradas, o asfalto sendo arrancado e as ruas se transformando em verdadeiros rios.
Entretanto, para Clodoveu Reis, existe um problema muito mais sério do que esse. Centenas, talvez milhares, de ligações clandestinas de esgoto sanitário na rede de captação das águas da chuva. “Em determinados dias é fácil se perceber o mau cheiro que exala dos poços de visita e das bocas de lobo (recipientes das águas que vêm pelas manilhas). Isto é esgoto jogado in natura nas redes, de forma clandestina e criminosa”, diz ele. O engenheiro afirma que, por conta dessas irregularidades, é necessário que a Saneago, em conjunto com a Prefeitura, faça um rastreamento, utilizando um equipamento robótico e detecte as ligações irregulares. Isto aconteceu, recentemente, na Rua Engenheiro Portella, onde o esgoto de um grande edifício estava sendo jogado na rede de águas pluviais. “Iguais a ele existem vários outros”, disse Clodoveu Reis. Além disso, há casos em que a água servida, resultante de lavagem de quintais, veículos, etc. é jogada na rede de esgoto, sobrecarregando-a e causando entupimentos. Para o Secretário, somente com a correção dessas anomalias é que haverá um sistema aceitável de esgotamento sanitário e de águas pluviais na Cidade.