Parece que foi ontem. Mas três anos já se passaram desde 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, oficialmente, que a epidemia do novo coronavírus havia se tornado uma pandemia, ou seja, o vírus SARS-coV-2 se espalhou pelos quatro cantos do planeta, sendo o agente causador da Covid-19, doença caracterizada pela alta contaminação e letalidade.
Aqui no Brasil e em Anápolis, em particular, a pandemia, num primeiro momento, parecia ser algo distante.
O primeiro epicentro foi na China, mais precisamente, na cidade Wuhan, província de Hubei.
Cidadãos brasileiros que se encontravam lá em Wuhan teriam de retornar ao país e, para isso, seria necessária a realização de uma grande operação de repatriação. Faltava definir onde e como abrigar o grupo, bem como as demais pessoas que participariam da ação de resgate.
O medo de uma doença que se revelava terrível afastou o interesse na recepção aos repatriados.
E, num gesto humanitário, Anápolis se prontificou a receber aquelas pessoas que estavam em Wuhan. Num esforço conjunto do Município, do Estado e do Governo Federal, uma grande e inédita estrutura foi montada na Base Aérea para fazer o acolhimento.
Dois hotéis existentes dentro da unidade militar, que eram destinados a hospedagem de oficiais da Força Aérea em trânsito, foram preparados para receber homens, mulheres e crianças que logo chegariam da China.
A preparação durou vários dias, devido ao aparato de segurança sanitária montado para que não houvesse a possibilidade de uma eventual transmissão do vírus, caso algum repatriado apresentasse sinais de contaminação com o novo coronavírus.
Toda preparação e a chegada das duas aeronaves da frota presidencial trazendo os repatriados foi acompanhada por veículos de imprensa do Brasil e de outros países.
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Numa fria e chuvosa manhã de domingo, no dia 9 de fevereiro, ocorreu o desembarque dos repatriados e dos integrantes da missão na Base Aérea de Anápolis.
Após 14 dias de isolamento, a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil chegou ao fim e os “confinados” na BAAN foram liberados para retornarem aos seus lares. Felizmente, sem nenhum caso de contaminação e transmissão.
A missão foi cumprida com sucesso e Anápolis deixou o seu legado na história da pandemia com o seu gesto de acolhimento voluntário e humano.

A chegada do vírus
O primeiro caso confirmado do novo coronavírus em Anápolis foi notificado no sistema de saúde anapolino, no dia 16 de março de 2020. Naquela mesma data, o prefeito Roberto Naves anunciava as primeiras medidas restritivas para o enfrentamento da terrível doença no Município.
O primeiro registro oficial de óbito de um morador de Anápolis, ocorreu no dia 30 de abril de 2020. Foi uma mulher de 75 anos de idade, cuja identidade foi preservada.
A partir de então, a população passou a conviver com vários tipos de situações como o fechamento de estabelecimentos considerados não essenciais. O acesso aos supermercados, por exemplo, foi restringido e era preciso fazer fila para ter acesso.
Dentro dos estabelecimentos, as pessoas não ficavam próximos a havia muito silêncio.
Com o lockdown, as pessoas tiveram de ficar mais em casa. Como num filme de ficção científica, as ruas ficaram desertas.
O clima de apreensão tomou conta das pessoas. Para quebrar esse clima, muitos artistas e grupos começaram a fazer apresentações musicais das sacadas dos prédios, nas áreas livres de condomínios e onde se pudesse levar um alento para o enfrentamento da situação.
Momentos difíceis, já que em razão da situação crítica de momento, até os templos religiosos tiveram de ficar fechados.

Referência
A pandemia se alastrou rapidamente, levando a uma ocupação sem precedentes dos leitos de internação e de UTI. Houve momentos em que os leitos de UTI da rede estadual chegaram a ficar com 100% de ocupação e do Município, chegando à casa de 90%.
Mas, era preciso fazer o enfrentamento e, assim, a cidade que acolheu os repatriados começou a preparar a rede de saúde. Com recursos próprios e contando com o apoio de parceiros na iniciativa privada, a Prefeitura ampliou a quantidade de leitos de internação e de UTI e implantou o Centro de Atendimento Norma Pizzari, exclusivo para atendimento aos pacientes de Covid-19 com quadro de agravamento da doença.
A estrutura montada em Anápolis, com recursos próprios, evitou que o caos se instalasse no sistema de saúde.
No dia 18 de janeiro de 2021, a vacina chegou. Anápolis foi a cidade que deu o ponta-pé à vacinação no Estado de Goiás, começando com uma idosa de 73 anos de idade moradora de um abrigo.
Foram, portanto, dois anos muito intensos, sobretudo, porque o coronavírus deixou um rastro de mortes e de dor. Lá no começo, via-se as notícias do vírus fazendo óbitos, mas não se sabia que essa situação pudesse chegar perto e levar pessoas próximas: parentes, amigos, colegas de trabalho.
Enfim, muita gente conhecida que perdeu a batalha para a doença.
Não acabou
Assim como em outras epidemias e pandemias, outras variantes do vírus SARS-coV devem surgir.
Contudo, hoje, a situação já é bem mais amena.
O sistema de saúde já não tem risco de estrangulamento e os pacientes encontram condições melhores de atendimento, além do conhecimento que se adquiriu da doença e a ampliação da vacinação, que passou a ser um fato determinante nessa virada.
No ano passado, Anápolis deu um passo adiante e flexibilizou o uso da máscara de proteção facial em locais abertos, como praças e parques.
Assim, a cidade que foi exemplo no enfrentamento da pandemia seguiu, com segurança, passo a passo, para a retomada à normalidade plena. Mas, sem esquecer do que se passou, sobretudo, das vidas que foram perdidas, das pessoas que ficaram com sequelas e traumas. E lembrar que tudo o que se passou não foi um filme.
Foi, sim, ao contrário, uma triste realidade. Mas uma realidade que trouxe também algumas conquistas e aprendizado.
E, reforçando: ainda não acabou! Mas, vai acabar!




