Em Quirinópolis, cidade de pouco mais de 50 mil habitantes, localizada no Sul de Goiás, a pacata população local se surpreendeu com a revelação de um rumoroso caso de tortura; cárcere privado; maus tratos, intimidação e constrangimento. É que, um homem de 35 anos, que não teve a identidade revelada pelas autoridades locais, foi flagrado por manter a esposa de 32 anos, como verdadeira escrava, por dez anos seguidos. Ele não permitia que ela se relacionasse com outras pessoas (nem parentes), não a deixava sair de casa e, por último, raspou-lhe a cabeça para impedir que a mulher se arrumasse, mesmo que modicamente.
E, ainda, tentou justificar-se, ao afirmar que ela, a esposa, sofria de depressão e que já havia tentado o suicídio. Sobre os ferimentos que a mulher apresentava pelo corpo, o marido disse que ela se feria sozinha. Mas, suas versões foram, todas, contestadas por vizinhos, familiares e testemunhas. O homem foi preso e vai responder pelos maus tratos.
É bom lembrar, todavia, que não se trata de um caso inédito, e nem é o mais grave de todos. Há fatos bem mais violentos e covardes do que esse. A mídia, diária e, constantemente, divulga tragédias e mais tragédias familiares tão cruéis como esta e outras que têm o desfecho mais grave ainda. Casos de homicídios, tentativas, lesões corporais graves, assédio moral e outros constrangimentos feitos por namorados, esposos, amantes e outros companheiros de mulheres indefesas que, em sua maioria, são atraídas por falsas promessas e juras de amor que, em pouco tempo, se transformam em pesadelo e em pânico para elas. E, o que intriga, é o fato de que, quanto mais se divulgam tais fatos, quanto mais as polícias e a Justiça punam esses homens, mais casos são descobertos e revelados. É um fenômeno social de difícil (ou, impossível) explicação. Por que os homens maltratam, tanto, as mulheres?