Por Nilton Pereira
Pode-se afirmar, com toda a certeza do mundo, que o Brasil é um dos países onde a vaidade, principalmente dos políticos, supera os limites do tolerável, ultrapassa a barreira do imponderável e chega às raias do inaceitável. Os arroubos de nossas autoridades são tão escancarados e escandalosos, que chegam a causar arrepios. Em todos os níveis. Desde o simples vereador de uma pequena comunidade, aos ocupantes dos principais cargos da Nação, incluindo-se, presidentes e governadores. É um festival de exibicionismo que não tem limites.
Agora mesmo, presenciamos o desfile das mais absurdas demonstrações de egocentrismo, diante de um fato que deveria ser a preocupação geral. A discussão em torno do coronavírus, de há muito, deixou de ser um fato meramente médico/científico, para se tornar bandeira política de grupos, grupelhos e, até, os de carreira solo, que se acham donos da verdade absoluta e, disso, não abrem mão. Todo mundo (todo mundo mesmo) se acha no direito de opinar, de arrastar para si, os méritos de possíveis avanços no combate, no tratamento e na cura da moléstia. E, de debitarem aos adversários, todos os fracassos dele advindos. Prevalecem sua vontade, seu desejo e sua opinião.
Uns entendem que é melhor fazer-se o isolamento vertical, outros querem o horizontal e, outros tantos, optam pelo diagonal. As razões apresentadas são muitas. Diferentemente do que ocorre em outros povos, outros países, onde a questão é tratada, prioritariamente, no campo científico. Não se tem notícia de algum país onde sob o manto do coronavírus, o presidente da república brigou com prefeito e com govenador. E, vice-versa. Não se tem informação de que, em algum país, o ministro da saúde tenha sido demitido em meio ao combate mais ferrenho à bactéria.
Em nenhum outro país houve a medição de força entre os níveis de poder, sobre o que abre; o que fecha; o que não abre o que não fecha na economia. Em, praticamente, todos eles, há a sintonia, há uma linguagem comum. No Brasil, não. Já tem gente se lançando candidato para 2022, sob a alegação de que, hoje, o vírus atrapalhou seu projeto de governar. Já há ex-ministros (no plural, mesmo) picados pela mosca azul do poder com os olhos numa candidatura a presidente. Da mesma forma, governadores e outras lideranças, principalmente, do Congresso Nacional, praticamente torcendo pelo caos para, assim, se lançarem candidatos “salvadores da pátria” e, por conta disso, conquistarem a preferência do eleitor. E, as pessoas continuam morrendo. A que ponto nós chegamos…
Excelente, amigo Nilton Pereira. Falou tudo.