Na plataforma Nacional da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), os números da contabilidade oficial mostram que em 2022 foram registrados em Anápolis 4.821 acidentes, com 7.140 veículos envolvidos.
Ainda, há o registro de 6.764 feridos ilesos e 53 óbitos. O índice de óbitos por 100 mil habitantes é de 13,18; de óbitos por 100 mil veículos, de 1,71. O percentual de óbitos por acidente é de 1,10%.
A título de comparação, com a mesma base de dados oficiais, Aparecida de Goiás, cidade co-irmã, registrou 6.715 acidentes, com 9.734 veículos envolvidos e 9.094 feridos/ilesos. O número de óbitos foi de 38.
Ainda, tem-se que no município aparecidense o índice de óbitos por 100 mil habitantes é de 6,141; de óbitos por 10 mil veículos, 1,083. Já o percentual de óbitos em relação aos acidentes é de 0,57%.
Uma leitura rápida sobre os dados dá o indicativo de que os acidentes com vítimas fatais em Anápolis têm uma situação muito mais latente em Anápolis do que em Aparecida, que tem um número bem superior de acidentes.
O percentual de óbitos por acidente por aqui é quase o dobro de lá, em Aparecida.
Além das estatísticas
Para além dos números, que são importantes para que possamos nos situar da realidade, a verdade é que a violência no trânsito tem se tornado um dos maiores problemas de segurança pública.
Essa é a visão do delegado Manoel Vanderic, titular da Dict. A Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito, criada em novembro de 2016, portanto, com 7 anos de atuação, vem realizando um trabalho importante não apenas de cumprir aquilo que está no seu escopo, ou seja, a investigação.
Ao longo dos últimos anos, a Dict está literalmente nas ruas para prevenir e combater os crimes de trânsito em Anápolis, através da operação Direção Consciente.
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Toda semana, dezenas de embriagados que estavam na direção de veículos são presos pela equipe comandada por Vanderic. São pessoas, segundo ele, de todos os níveis na pirâmide social, inclusive, até, autoridades que tentam burlar o trabalho com a famosa “carteirada” ou com a expressão: “sabe com quem está falando?”
Essa estratégia não dá certo e isso tem feito diferença nas ações da especializada, que agora, mesmo que ainda de forma acanhada, começa a visualizar uma mudança de paradigma em relação às situações envolvendo os crimes de trânsito.
Mãos dadas
Na última quarta-feira, 13/12, uma reunião na 3ª Delegacia Regional da Polícia Civil sacramentou uma ação que vai nesse sentido, ou seja, chamar a atenção da sociedade para a violência no trânsito.
E não apenas isso, mas fazer com que os crimes, aqueles que felizmente não chegam à fatalidade do óbito, possam ter uma penalidade maior, tanto por parte dos delegados na hora de arbitrar uma fiança, que vai de 1 a 100 salários-mínimos, quanto por parte do Ministério Público, nos casos em que caiba a aplicação do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP).
A reunião foi conduzida pelo titular da Dict e pela promotora Adriana Marques Thiago, da 18ª Promotoria Criminal e de Juri da Comarca de Anápolis. Segundo ela informou, nos casos de ANPP, o valor mínimo para a multa será elevado de R$ 3,5 mil para R$ 5 mil.
Na sua promotoria, a média tem sido de R$ 8 mil. A promotora ainda reforça que, hoje, não há mais a aplicação de uma penalidade como um salário-mínimo, doações de cestas ou prestação de serviço.
Juri popular
“O Ministério Público não vai baixar a guarda com os crimes relacionados ao trânsito”, destacou Adriana Marques, que chamou atenção ao fato que muito se olha a questão da pessoa que provocou o acidente e se deixa de lado a vítima e a sua família.
Ela citou caso de uma mãe de vítima, que foi punida por um juiz, porque num júri, disse alguns impropérios para o acusado de matar o seu filho num acidente.
Essa mudança de olhar é que pode mudar o curso de histórias tão tristes deixadas para as famílias das pessoas que perderam a vida em acidentes violentos no trânsito.
No ano que vem e em 2025, cinco acusados de crimes de trânsito vão a júri popular. O que, para o delegado e a promotora é um sinalizador de que, de fato, há uma queda de paradigma e a expectativa é que esses casos repercutam para que as pessoas possam se conscientizar sobre o perigo da combinação álcool e direção, principalmente, agora, nas festas de final de ano.
O problema, de acordo com as autoridades, não é beber. Essa questão é um livre arbítrio de cada pessoa. O problema é beber e dirigir, colocando a própria vida em risco e a de outras pessoas.
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