A fuga é uma hipótese sempre levada em consideração quando atravessamos crises, angústias, perseguições, divórcio, falência, luto, etc. Muitos que integram as estatísticas dos desaparecidos podem, sim, fazer parte do grupo dos desiludidos ou mesmo do grupo de pessoas que, em busca de uma aventura radical, tenta construir uma nova identidade, um avatar. Elas, simplesmente, buscam um jeito de desaparecer.
No Japão, a prática é bem mais comum do que em outros países e acontece há décadas. Japoneses pagam para sumir e começar uma nova vida sem deixar rastros. Esse aspecto cultural é tão conhecido que gerou o movimento chamado jouhatsu (evaporação). Nele, os adeptos escolhem desaparecer e abandonar o estilo de vida, a casa e a família que têm. A ideia é trilhar um novo caminho sem olhar para trás.
As motivações que levam à “evaporação” geralmente são negativas: desilusão amorosa, questões financeiras, conflitos familiares ou dificuldade para corresponder às expectativas da família. Cerca de 100 mil pessoas fogem de suas casas sem deixar vestígios todos os anos.
No Japão é mais fácil “evaporar” do que em outros países porque a privacidade do japonês é um fator inegociável e isso dificulta eventuais buscas. Eles podem sacar dinheiro em caixas eletrônicos sem serem descobertos e os membros da família não podem requerer as filmagens legalmente. As autoridades não se envolvem nesses casos, a não ser que suspeitem de algo grave.
Há até mesmo ajuda profissional de empresas que planejam a fuga, como a conhecida Yonigi-ya – cujo nome significa “fugir à noite”. A empresa planeja o horário de mudança adequado e analisa se o tempo de movimentação é suficiente para evitar o perigo de ser descoberto. Como parte do pacote, oferece transporte e hospedagem,locomoção e acomodação para que o cliente não seja encontrado, nem rastreado. Os valores cobrados variam de 450 a 2.600 dólares.
E você, gostaria de desaparecer? Quando o rei Davi estava sendo perseguido pelo seu filho Absalão, desabafou: “Quem dera eu tivesse asas como a pomba, voaria para longe e encontraria descanso. Sim, fugiria para bem longe, para o sossego do deserto. Sim, eu me apressaria em escapar para um lugar distante do vendaval e da tempestade.” (Salmos 55.6-8) É muito importante lembrar que fuga nunca foi uma opção inteligente. Nosso passado nos acompanhará, sempre. Então, o melhor caminho é enfrentar a dor e a frustração, procurar ajuda e superar a crise… Se depois disto, resolvido o problema do coração, você ainda quiser fugir… pode ser interessante.
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