Prêmios incentivam participação
A falta de dinheiro para fazer frente às despesas do dia-a-dia, aliada ao natural desejo de ser um dos premiados, está incentivando muitos consumidores a pedirem a nota fiscal, nas compras feitas no comércio varejista. De janeiro a maio deste ano, o número de notas fiscais com CPF aumentou 23% em relação ao mesmo período de 2015, de acordo com levantamento da coordenação do programa Nota Fiscal Goiana.
Até maio, mais de 280 mil consumidores estavam cadastrados no programa, um número que indica que as pessoas estão adotando o hábito de pedir o documento fiscal e incluir o seu CPF para participar dos sorteios mensais de prêmios em dinheiro. No ano, o número de documentos com CPF já supera a 14,1 milhões, contra 11,5milhões nos cinco primeiros meses de 2015. Os sorteios mensais estimulam a participação no programa, considerando o atrativo que são os 40 prêmios oferecidos, o maior deles de R$ 200 mil.
Energia sobrando
A natureza é mesmo prodigiosa, indiferente à época de crise, como o Brasil está vivendo agora. Por conta da queda drástica do consumo- ao contrário do que ocorreu entre 2013 e 2015- está sobrando energia no sistema elétrico brasileiro. O mais incrível nesta rápida mudança é que a sobra é tão grande que o País, pelo menos até 2020, não corre mais o risco de desabastecimento.
Esta constatação é de um estudo inédito feito pelo Instituto Acende Brasil sobre as causas da crise energética de dois anos atrás. O estudo constatou que a segurança no abastecimento está garantida, mesmo em um eventual cenário adverso, com crescimento da demanda e atrasos na implantação de usinas e linhas de transmissão. Por causa dessa sobra, o Brasil já negocia a venda de energia para a Argentina.
Vendas de TV despencam
As lojas de eletrodomésticos estão com as vendas encalhadas por conta do crédito mais difícil e também do medo do consumidor para assumir dívidas. Até maio, as vendas destes produtos já acumulam uma queda de 16,5% , o que tem provocado, inclusive, o fechamento de algumas lojas em diversas localidades do País.
As maiores dificuldades para fechar negócios são as vendas da chamada linha marrom, que inclui televisores e produtos de áudio, que este ano acumulam uma queda de 40%. Com grande participação no mercado, a Via Varejo, que reúne as Casas Bahia e o Ponto Frio, fechou 21 lojas no primeiro trimestre, com concretas possibilidades de outras unidades serem desativadas. Em 2015, a Via Varejo fechou 39 lojas.
Queda nas vendas no segmento varejista
Mas a queda nas vendas afeta indiscriminadamente todos os segmentos do setor varejista. De acordo com o IBGE, em maio elas caíram 1% na comparação com abril o que parece pouco, mas foi o pior desempenho para o mês, desde o início da série histórica, em 2000. Em relação a maio de 2015, a queda foi de 9%, o que mostra que o comércio vem sentindo os efeitos do enfraquecimento do mercado de trabalho.
As maiores quedas ocorreram com artigos de uso pessoal, cujas vendas retraíram 15,5%, móveis e eletrodomésticos, que diminuíram 14,6% e combustíveis, que foram reduzidas em 10,9%. As vendas em supermercados e de produtos alimentícios mantiveram estáveis, mas a queda no varejo ocorre pelo 14º mês consecutivo.
Volta do sonho de férias no exterior
Depois de um período de baixa procura, as vendas de pacotes e passagens internacionais estão movimentando as agências de viagens. Com a queda de quase 20% na cotação do dólar, muitos anapolinos voltaram a sonhar com as férias no exterior, sobretudo depois que estas pessoas constataram que os destinos nacionais voltaram a ficar mais caros que os internacionais.
Na CVC, os funcionários revelam que os pacotes internacionais voltaram a representar 40% de participação no seu faturamento, depois de ficar um período com pouco menos de 30%. Nesta e em outras agências, as vendas de passagens internacionais cresceram 20% no último trimestre em relação ao primeiro, bem superior aos destinos nacionais, que avançara 6%. O dólar mais baixo funciona como estímulo para viagens ao exterior, além de deixar mais baratos gastos com hospedagem, alimentação e compras.
Inadimplência no ensino
O ensino superior privado não está escapando da taxa de inadimplência, registrada nos últimos anos, agravada mais recentemente com a recessão e o elevado índice de desemprego. Dados de uma pesquisa anual realizada pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semap) mostram que a inadimplência no setor atingiu seu pior resultado em 2015, com uma taxa de 12.9% de atraso com mais de 90 dias.
A pesquisa do Semap mostra também que nos últimos cinco anos a inadimplência foi menor somente em 2010, quando a taxa de atraso foi de 8,8%. A partir de então, a inadimplência se manteve estável, por causa da explosão no número de contratos do FIES, mas em 2014, com as restrições impostas pelo governo federal ela voltou a subir. A pesquisa mostra ainda que as instituições de pequeno porte, com cerca de dois mil alunos, são as que mais estão sofrendo com essa situação.
Vendendo dívidas
O governo vai entrar de sola na luta pela aprovação de um projeto que pode garantir uma receita extra de R$ 55 bilhões aos cofres federais e reduzir o déficit fiscal. A proposta pode permitir a venda no mercado de dívidas que a Receita Federal tem a receber de contribuintes que parcelaram o pagamento de tributos. Chamada de securitização, estas dívidas são convertidas em títulos, que são colocados à venda com descontos.
Com isso, o governo antecipa a entrada em seu caixa de recursos que demorariam algum tempo para receber como, por exemplo, créditos negociados nos diversos Refis e os parcelamentos concedidos também por governos estaduais e prefeituras. Por conta da crise financeira do setor público, a aprovação desse projeto é vista como uma fonte importante de receita no curto prazo para os governos enfrentarem o período de vacas magras e baixa arrecadação de tributos até que a economia saia da recessão.