A ressaca pós-vexame da Copa me alcançou em Nova York, para onde viajei depois do massacre da Alemanha. Lá pude assistir à derrota para Holanda, em um canal de televisão de língua espanhola (Univision), onde o narrador e sua trupe lembravam Galvão Bueno, por conta da histeria, chatice e enganação. Isso mesmo: enganação. Lá pelas tantas, mesmo a Seleção perdendo por 3×0, o Galvão hispânico tascou: “El selecionado brasileño es magnífico. Jogadores fantásticos.” Levei um susto: Hulk, Fred, Paulinho, Maicon e cia, tidos por fantásticos! Foi dose. Pobre Seleção: para quem já teve Pelé, Garrincha, Tostão, Zico, Romário, Ronaldo… Pois é, Galvão fazendo escola.
Essa seleção do Felipão ficou marcada como o time dos jogadores chorões. Não consigo entender qual a psicologia adotada para o grupo, que ao invés de fortalecê-los, os fragilizaram. Um time jovem, inexperiente, mediano (alguns medíocres), com exceção de Neymar, que ao defrontar o primeiro obstáculo, desabou no choro. Duas cenas foram marcantes: Thiago Silva, o capitão, à espera dos pênaltis, sentado na bola e chorando no jogo contra o Chile e David Luiz, capitão no jogo contra a Alemanha, correndo todo atabalhoado, e contribuindo com pelo menos, três gols dos alemães.
Por lá ainda assisti a TV Globo noticiando, em furo de reportagem, que Dunga seria o novo treinador da Seleção. Reagi incrédulo: Não é possível! Um treinador já testado e reprovado! De novo? Por quê? No mesmo dia, o programa Fantástico fez uma enquete, onde 85% dos brasileiros foram contra a escolha, percentual onde me incluo.
Fiquei a refletir: qual a razão para essa escolha? Recorri então a uma provável teoria de conspiração – tão a gosto dos americanos – que determina que treinador da Seleção deve ser gaúcho (Felipão, Mano Menezes, Dunga) e que são escolhidos em conluio pelo monopólio formado entre a Globo, CBF e empresários do futebol, e para atender os interesses financeiros, escusos e inconfessos desse pessoal. Só pode ser isso! Ainda sobre a escolha, no dia seguinte, o genial José “Macaco” Simão, cunhou uma frase sarcástica e precisa: “Escolher o Dunga para reerguer o futebol brasileiro, é o mesmo que eleger o Sarney para acabar com a inflação”. Metáfora perfeita!
De volta à terra, fiquei encabulado com o mutismo da mídia (leia-se Globo) quanto ao Dunga. Mas sabemos ser isso proposital. Esse jogo de cena é conhecido. Logo, logo, Galvão Bueno estará a proclamar as ”virtudes” do treinador e de seus escolhidos. E, tomem-se convocações de jogadores de técnica duvidosa, mas que seriam da confiança do treinador. Este irá repetir que “o grupo encontra-se fechado”, que “os escolhidos são os melhores”, enfim, essa cantilena que estamos cansados de ouvir, e que massificada, faz o brasileiro acreditar na lorota que temos o melhor futebol do mundo até quebrar a cara, como ocorreu com a França (2006), Holanda (10) e a Alemanha (14).
Portanto, fiquemos alerta: a caminho de Moscou, a Seleção corre o risco de ser abatida/eliminada – a exemplo do avião malaio – não na vizinha Ucrânia, e sim pelas redondezas: Buenos Aires, Assunção, Montividéu, Não duvidem. Esse pessoal é capaz dessa triste façanha, visto que conseguiu algo que ninguém imaginava: nivelou o futebol (símbolo nacional) aos nossos piores indicadores: educação, saúde, segurança pública.
A “proibição” da liberdade de expressão
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