Na semana passada um goianiense ganhou as capas de jornais e minutos consideráveis na televisão e emissoras de rádio, pelo simples fato de haver encontrado uma carteira com dinheiro e documentos, procurado a polícia e devolvido ao legítimo dono. Não foi o primeiro caso no Brasil, em que a pessoa vira celebridade por cumprir com seu dever de consciência, exercitar a cidadania e viver, na essência, o que todos deveriam viver: praticar a honestidade. Infelizmente, no nosso Brasil não tem sido assim.
Certamente que não se trata de nenhuma epidemia antiética descontrolada, nenhuma catástrofe social e nenhum caso perdido. Mas, convenhamos, ser honesto nesse País está ficando cada vez mais difícil. A desonestidade campeia, desde o simples vendedor na feira, que “empurra gato por lebre”, chegando aos graduados, gente dita importante, que ocupa cargos importantes, mas que, também, rouba somas importantes.
Os exemplos se multiplicam no nosso dia-a-dia, infelizmente, numa escala que chega a assustar. Dizem que, em épocas passadas, quando a criança chegava em casa com um objeto, alegando haver “achado na rua” , a mãe, incontinenti, mandava que retornasse e deixasse “no mesmo lugar”. Imaginem nos dias de hoje se isto acontece…
O certo é que, a atual geração, quem sabe a anterior a essa e (Deus queira que não) a seguinte, façam parte de uma mutação social que tende a deteriorar o caráter das pessoas, com a mentira sendo, em muitos casos, essencial à sobrevivência, onde prevalece o que tem mais lábia, o que sabe enganar melhor. Tem gente ensinando isso aos filhos, mostrando que “o mundo é dos espertos”. Aonde vamos chegar???
Diária e constantemente vemos os figurões da República, dos estados e dos municípios sendo pilhados nas mais diferentes e mais variadas falcatruas. Gente aprontando aqui e alhures, sem que pague pelos atos falhos cometidos. A irresponsabilidade, aliada à imoralidade e à falsidade, campeia nas salas de aulas, nos escritórios, nas empresas, nas casas. Todo mundo – se não todo mundo, muita gente – querendo viver a “lei de Gérson” que ensina a “levar vantagem em tudo”. Ainda que essa vantagem seja ilegal, imoral e incabível na sociedade.
No Brasil de hoje, o que se espera é uma revolução social do bem. Onde políticos não tenham a necessidade de roubar, corromper, mentir e trair. Onde pais e mães de família ensinem, desde cedo, aos seus filhos, que o bem maior que podemos cultivar é a honestidade. Que os comerciantes sejam menos gananciosos, que pratiquem preços justos e entreguem mercadorias dentro do que foi convencionado na venda. De resto, a coisa anda sozinha. O que esta geração está precisando, na verdade, é de uma forte dosagem de patriotismo, cidadania e consciência. Misturada, é claro, com um pouco de vergonha na cara.
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