A boa notícia que vem da África, contrariando as previsões sombrias de alguns ambientalistas, é que os meios concebidos para alimentar dez bilhões de pessoas nos próximos anos já são empregados no que os observadores mais atentos identificam como a segunda revolução agrícola da região sub-saariana. Os responsáveis pela propagação do pessimismo suscitado pela antevisão de uma catástrofe ambiental são neo-malthusianos, gente que ainda acredita no aumento da produção agrícola se efetivando com a destruição de grandes reservas de vegetação natural para produzir alimentos em quantidade sempre insuficiente para uma população que não para de crescer.
O que Thomas Malthus não podia prever nas condições do seu tempo é a possibilidade do aumento extraordinário da produção de alimentos com os recursos tecnológicos que seriam criados dois séculos depois. Os ganhos de produtividade na agricultura que vão se expandindo pelo continente africano se devem ao emprego da microirrigação, novas técnicas de recuperação do solo, fertilizantes e sementes de melhor qualidade e, naturalmente, o acesso ao crédito e à energia elétrica, assim como a melhoria do sistema de transporte. O Brasil e outros países que já apresentam elevada produtividade na agricultura tendem também a empregar os meios que favorecem o aumento da produção sem ampliação das áreas cultivadas.
Considerando a possibilidade de que as dificuldades de distribuição de alimentos que ainda existem por aqui serão superadas, cabe indagar se a abundância que advirá não agravaria o problema da obesidade que já afeta a saúde de milhões de brasileiros. Sendo a resposta afirmativa, faz-se necessário cogitar dos estímulos que deverão ser criados para as pessoas cuidarem melhor da própria saúde, contendo a obesidade e, em consequência, reduzindo a incidência das doenças dela decorrentes.
Levando-se em conta que as “campanhas de conscientização” são insuficientes para reeducar o comportamento ansioso e compulsivo, convém considerar que a condição de subsidiado dos obesos consome grande parte da renda gerada pelos indivíduos mais saudáveis. À medida que as pessoas engordam, sua produtividade no trabalho diminui enquanto aumentam os gastos das famílias e do governo com as doenças que afetam sua fisiologia e sua disposição. No transporte, os veículos consomem mais combustível quando aumenta a quantidade de passageiros obesos, fato que acarreta, obviamente, acréscimo no custo desse serviço.
A primeira empresa a cobrar valores diferentes pelo transporte de passageiros, levando em conta a diferença de peso dos usuários, é uma companhia de aviação australiana. Os benefícios desse critério são evidentes: as pessoas mais leves passaram a pagar menos pelo transporte, e os obesos agora dispõem de poltronas maiores e mais confortáveis. Considerando que essa norma já vigora há muito tempo no comércio e outros serviços, o fato pode indicar a tendência de se eliminar o acréscimo no valor das passagens cobrado dos magros correspondente a uma parte do custo do transporte dos gordos. Tal inovação, além de justa, é estimulante da responsabilidade de cada um com a adequação de seus hábitos ao atendimento de suas próprias necessidades. Seria lamentável que o aumento da oferta de comida continuasse causando distúrbios na saúde das pessoas com consequências indesejáveis e até mesmo nefastas.
A “proibição” da liberdade de expressão
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