“É pau, é pedra, é o fim do caminho…. São as águas de março fechando o verão”. Os versos retirados da bela canção de Tom Jobim retratam, muito bem, a situação vivida por milhões de brasileiros que, entra ano, sai ano, são constantes vítimas de duas situações distintas: o descaso das autoridades e a falta de consciência de grande parte da população. No primeiro caso, porque são gastos, todos os anos, milhões e milhões de reais em obras que, sob o pretexto de “acabar com as enchentes e as inundações”, de uma forma, às vezes irresponsável e que, ao final, não resulta em solução nenhuma. Governo Federal, governos estaduais e prefeituras fazem pontes, passagens, “piscinões” e uma série de outras obras, e manobras, sem, contudo, resolver a questão. Na primeira chuva mais forte que cai, roda tudo. Casa, barraco, móveis, carros, gente. Isso mesmo! No Brasil ainda morre gente arrastada pelas enxurradas.
No segundo caso, é pior ainda. Está provado que as casas dos ribeirinhos, dos que estão nas chamadas “áreas de risco”, são inundadas pela enxurrada, a lama fétida e contaminada, porque a vazão dos córregos está prejudicada pelo entulho jogado em outras partes da cidade, em muitos casos, bem distante de onde ocorre o problema. Tomando por exemplo Anápolis, as casas da chamada “invasão do Anápolis City” são invadidas pelas águas, por que os anapolinos que moram no centro, no Jundiaí e em regiões contíguas jogam, todo dia, milhares de garrafas pet, plásticos, pedaços de madeira, pneus velhos e outros detritos no leito do córrego, ou nas galerias de águas pluviais. Em outras regiões, como a Vila São Joaquim e, até, alguns pontos da região central, é mesma coisa. Culpa de quem? De todo mundo ou de ninguém?
Está provado que não adianta construir galerias, canalizações, tubulações e outros procedimentos, se a comunidade não se conscientizar do que realmente é preciso fazer. Seja em Anápolis, seja em Goiânia, seja em Belo Horizonte, seja em São Paulo. O problema é o mesmo, guardadas as proporções. Gente vendo rodar, literalmente, água abaixo, coisas adquiridas com sacrifício, com muito suor, e, em determinados casos, com lágrimas. Até quando isso vai durar, ninguém sabe. Há quem culpe as pessoas por morarem na beira dos córregos. Há quem culpe os prefeitos, os governadores, o Presidente da República. Mas, ao que parece, a responsabilidade é de todos. Ou assumimos isso, ou vamos continuar pagando muito caro.
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